Uma Lição de Cultura - Homenagem às crianças da Aldeia Tuyuka, no Dia do Índio (19/04) -Texto Infantil.
Conto - Ficção.
Era uma bela manhã de setembro, na aldeia Tuyuka - arredores do rio brasileiro Alto Tiquê, em que o indiozinho Buabi morava com seus pais e parentes.
Da rede em que Buabi dormia no grande salão da cabana, ao acordar podia ver os raios do Sol, que entravam pelas frestas das palhas que cobriam o teto. O menino pulou rapidamente da rede e correu para o grande terreiro! Logo, Somara, sua irmã e os outros irmãozinhos vieram também. Estavam todos com muita fome. Na chapa quente do fogão do lado de fora, sua mãe preparava o café da manhã.
Enquanto isso, os meninos comandados por Buabi começaram a rolar uma bola de meia, suja e já bastante surrada, pelo grande terreirão. Em pouco tempo, a algazarra dos meninos atrás da pequena bola era grande, e as meninas comandadas por Somara ao redor, riam das rasteiras e dos tombos dos meninos. Os sons das risadas eram misturados aos sons dos cacarejos das galinhas, dos grunhidos dos porcos perambulando pelo quintal, dos cantos das aves e passarinhos no alto das árvores. Logo, aquela sinfonia de tantos sons engoliu o silêncio da manhã. Da porta da maloca ouvia-se o chamado: “Meninos, venham cumê. O café tá pronto!”. Era a mãe de Buabi chamando-os para o primeiro alimento do dia.
Conforme a tradição, todos os adultos já dentro da maloca, homens de um lado e mulheres no outro aguardavam os alimentos.
Os indiozinhos chegaram esbarrando-se uns nos outros, querendo entrar todos de uma só vez, na pequena e única porta.
No meio da maloca a mãe de Buabi e as suas tias colocaram as iguarias nas vasilhas para todos: o biju recheado com coco da região sobre as folhas da bananeira. Uma panela fervendo com a “quinhãpira” (caldo de peixe apimentado) e a bola de pão feita de massa de mandioca, iguaria preferida na aldeia, que depois de seca era misturada ao amendoim com um pouco de água, para amolecer, depois assada no braseiro do fogão.
Nessa hora do convívio familiar, o grande chefe da tribo aproveita para falar e ensinar sobre a Cultura do seu povo, habitantes da Aldeia Tuyuka. Falou da origem da língua Tukano falada pelo seu povo, originária da aldeia vizinha com o mesmo nome. Que o seu povo tinha mais conforto e facilidade para viver, por causa das relações de amizades com outras etnias, das trocas de diversos produtos. Falou sobre a agricultura, que era dever dos homens preparar a terra, mas das mulheres a semeadura. Que nunca podiam deixar morrer as mudas e sementes do plantio da mandioca, do feijão, do amendoim, do cará e da batata. Que era também dever das mulheres trazer nos cestos fabricados na aldeia, a colheita para alimentar a todos. Que era dever dos homens fabricar os instrumentos de caça e pesca, fabricar canoas para venderem para outras aldeias e para o trabalho de trazer a pesca. Após a aula sobre a Cultura do seu povo, a fala do respeitável chefe, começaram a comer crianças e idosos, conforme a tradição. Depois todos se levantaram, e os homens já estavam saindo para caçar e pescar, preparados com flechas e os tacapes quando o pai de Buabi perguntou:
- Quem vai com a gente?
Em coro os indiozinhos responderam: “Eu vou! Eu vou!"
Mas, a mãe de Buabi logo interferiu: "Não, vocês vão todos à Escola para aprender! E se formarem no Ensino Fundamental, conforme a nossa tradição, para aprender sobre os costumes e a língua falada em nossa terra".
Buabi chegou à Escola com a palavra "Cultura" martelando em sua cabecinha. Lembrou-se das raízes tiradas da terra... Da batata, do aipim, do amendoim... O cultivo das culturas da Aldeia e sobre os costumes, que ouvira naquela manhã.
A professora começou a aula falando de Cultura! Que o significado da palavra é tirado do vocabulário agrícola, ligado à terra, que tem as mesmas relações: raízes, tradição, renovação e perpetuação do povo brasileiro. Palavras semelhantes ao discurso do seu pai aos membros da aldeia naquela manhã.
Depois da aula, Buabi e Somara voltaram para casa com os primos, muito contentes pelo que aprenderam: Cultura uma palavra muito importante para o desenvolvimento dos povos do mundo!
Magé - RJ, 28 de setembro de 2011.
Iraí Verdan
Conto - Ficção.
Era uma bela manhã de setembro, na aldeia Tuyuka - arredores do rio brasileiro Alto Tiquê, em que o indiozinho Buabi morava com seus pais e parentes.
Da rede em que Buabi dormia no grande salão da cabana, ao acordar podia ver os raios do Sol, que entravam pelas frestas das palhas que cobriam o teto. O menino pulou rapidamente da rede e correu para o grande terreiro! Logo, Somara, sua irmã e os outros irmãozinhos vieram também. Estavam todos com muita fome. Na chapa quente do fogão do lado de fora, sua mãe preparava o café da manhã.
Enquanto isso, os meninos comandados por Buabi começaram a rolar uma bola de meia, suja e já bastante surrada, pelo grande terreirão. Em pouco tempo, a algazarra dos meninos atrás da pequena bola era grande, e as meninas comandadas por Somara ao redor, riam das rasteiras e dos tombos dos meninos. Os sons das risadas eram misturados aos sons dos cacarejos das galinhas, dos grunhidos dos porcos perambulando pelo quintal, dos cantos das aves e passarinhos no alto das árvores. Logo, aquela sinfonia de tantos sons engoliu o silêncio da manhã. Da porta da maloca ouvia-se o chamado: “Meninos, venham cumê. O café tá pronto!”. Era a mãe de Buabi chamando-os para o primeiro alimento do dia.
Conforme a tradição, todos os adultos já dentro da maloca, homens de um lado e mulheres no outro aguardavam os alimentos.
Os indiozinhos chegaram esbarrando-se uns nos outros, querendo entrar todos de uma só vez, na pequena e única porta.
No meio da maloca a mãe de Buabi e as suas tias colocaram as iguarias nas vasilhas para todos: o biju recheado com coco da região sobre as folhas da bananeira. Uma panela fervendo com a “quinhãpira” (caldo de peixe apimentado) e a bola de pão feita de massa de mandioca, iguaria preferida na aldeia, que depois de seca era misturada ao amendoim com um pouco de água, para amolecer, depois assada no braseiro do fogão.
Nessa hora do convívio familiar, o grande chefe da tribo aproveita para falar e ensinar sobre a Cultura do seu povo, habitantes da Aldeia Tuyuka. Falou da origem da língua Tukano falada pelo seu povo, originária da aldeia vizinha com o mesmo nome. Que o seu povo tinha mais conforto e facilidade para viver, por causa das relações de amizades com outras etnias, das trocas de diversos produtos. Falou sobre a agricultura, que era dever dos homens preparar a terra, mas das mulheres a semeadura. Que nunca podiam deixar morrer as mudas e sementes do plantio da mandioca, do feijão, do amendoim, do cará e da batata. Que era também dever das mulheres trazer nos cestos fabricados na aldeia, a colheita para alimentar a todos. Que era dever dos homens fabricar os instrumentos de caça e pesca, fabricar canoas para venderem para outras aldeias e para o trabalho de trazer a pesca. Após a aula sobre a Cultura do seu povo, a fala do respeitável chefe, começaram a comer crianças e idosos, conforme a tradição. Depois todos se levantaram, e os homens já estavam saindo para caçar e pescar, preparados com flechas e os tacapes quando o pai de Buabi perguntou:
- Quem vai com a gente?
Em coro os indiozinhos responderam: “Eu vou! Eu vou!"
Mas, a mãe de Buabi logo interferiu: "Não, vocês vão todos à Escola para aprender! E se formarem no Ensino Fundamental, conforme a nossa tradição, para aprender sobre os costumes e a língua falada em nossa terra".
Buabi chegou à Escola com a palavra "Cultura" martelando em sua cabecinha. Lembrou-se das raízes tiradas da terra... Da batata, do aipim, do amendoim... O cultivo das culturas da Aldeia e sobre os costumes, que ouvira naquela manhã.
A professora começou a aula falando de Cultura! Que o significado da palavra é tirado do vocabulário agrícola, ligado à terra, que tem as mesmas relações: raízes, tradição, renovação e perpetuação do povo brasileiro. Palavras semelhantes ao discurso do seu pai aos membros da aldeia naquela manhã.
Depois da aula, Buabi e Somara voltaram para casa com os primos, muito contentes pelo que aprenderam: Cultura uma palavra muito importante para o desenvolvimento dos povos do mundo!
Magé - RJ, 28 de setembro de 2011.
Iraí Verdan