ADEUS ARY, ADEUS!

O Ary era um desses amigos que a gente nunca precisa chamar para pedir socorro, qualquer que fosse nossa necessidade de ajuda, lá estava ele, seja num pronto socorro, ajudando algum doente descer pela escadaria do prédio, ou como motorista da gente num dia de festa quando voltávamos para casa de madrugada “pra lá de Bagdá” . Amado pelos filhos, pela esposa Rose e pela comunidade em geral, estava sempre se ocupando de alguma coisa, ajudando a esposa no salão de beleza fazendo “chapinhas”, batendo bolo para presentear alguém, trabalhando na quermesse como caixa ou atendente, ajudando o pároco nas missas como diácono, ou imponente em sua farda como Sargento da Polícia Militar. Não era muito de falar, e para mim tinha um grave defeito, jamais me acompanhou num copo de cerveja ou num gole de whisky, mas sua lealdade como amigo compensava esse defeito. Durante muito tempo trabalhou no resgate do Corpo de Bombeiros, e depois retornou às ruas em uma viatura da PM.

Mas todas essas qualidades de homem, de cidadão, de profissional e de amigo, de nada valeram na última sexta feira, durante um assalto ele foi covardemente assassinado. Nosso Ary partiu desse mundo para virar estatística da nossa política equivocada de segurança em que a polícia prende e a justiça solta meia hora depois, criando um círculo vicioso alimentado pelas disparidades sociais.

Eu poderia (e deveria) xingar as autoridades políticas desse país pela perda insuperável do meu amigo Ary, mas isso não o traria de volta. Adeus Ary, que Deus esteja contigo. Você deixou saudades, marcou presença no mundo, na sociedade e em nossos corações que ficaram um pouco mais tristes e revoltados pela sua trágica partida.

Laerte Russini
Enviado por Laerte Russini em 06/04/2014
Reeditado em 07/04/2014
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