DESCANSE EM PAZ, ZÉ!
Ensaiou a última cena de uma peça de teatro, onde dirigia, pegou o carro, feliz, foi para a casa da namorada, jantou com ela, acompanhado de uma taça de vinho, conversaram sobre o cotidiano, a peça e sobre a vida. Vida que terminaria poucas horas (ou minutos) depois. Sentia-se um pouco exausto, talvez conseqüência do trabalho que levava com seriedade e paixão. Foi para o quarto, deitou-se, confortavelmente, dormiu e... Não mais despertou. Pelo menos neste plano.
Estreou nas telenovelas em 1971, em Bandeira 2, de Dias Gomes, na TV Globo. Recém chegada de minha terra, em São Paulo, minhas noites solitárias eram preenchidas pelos capítulos dessa novela que acompanhava com atenção, sem perder um único trecho sequer. De lá para cá, acompanhei tudo que ele fazia. Os filmes, as minisséries, as novelas e os programas em que ele era entrevistado e dos quais participava. Admirava sua inteligência privilegiada, o seu vasto conhecimento e sua dedicação à arte.
Mas a vida é assim. Termina a qualquer momento, sem aviso prévio, sem nenhum sinal. Não é privilégio de um.
Que o céu te receba de braços abertos, José Wilker
(ou, simplesmente, Zé, como gostava de ser chamado). Sua simplicidade, generosidade e bom humor eram tocantes. Descanse em paz!
(Milla Pereira)