280 – AQUARELA DA VIDA...
Ele veio andando devagarzinho subindo o morro da Rua Mato Grosso na esquina com a Avenida Ipiranga.
Uma sacola na mão direita e na outra arrastava um carrinho de carregar mala, parou duas vezes para se certificar que estava na rua certa conferindo as casas ao redor, como querendo descobrir uma casa em especial.
Parou defronte a minha casa e ensaiou perguntar se estava na Rua correta, mas, mesmo antes de concluir a pergunta eu me antecipei e disse a ele que sim, era a rua onde morava sua irmã e ele ficou por algum instante meio desconcertado, pois eu o chamei pelo apelido de infância, ou melhor, pelo único nome pelo qual ele atendia desde sempre.
Chapéu de aba curta enterrado na cabeça mostrava que ele não fazia o estilo roceiro, ou country, estava mais para o bom estilo de sambista carioca, no puro estilo e charme da “Velha Guarda da Portela”. Em se tratando de chapéus os de abas largas estão no auge da moda, com esta mania dos bichos urbanos, se fantasiarem de cantores de música sertaneja ou como querem “moda e mania de sertanejos e universitários” (jeans, botas, fivelas e chapéus).
Ele olhou-me dos pés à cabeça tentando descobrir quem afinal o chamara de Capixaba. Não reconheceu a mim nem ao meu irmão Antônio Celso. Enfim disse: - Não estou bem certo quem é você, mas sei que você é irmão do Pitôco. Meu irmão Hélio era mais da sua galera.
Capixaba e Pitôco uma dupla de moleques que eram os reis das trapalhadas e coisas erradas. Não importa o que aparecesse de errado, se não era um com certeza era o outro. No bairro pegar gato do vizinho e amarrar um chumaço de palha de milho e tacar fogo só para ver o bicho sair em desabalada carreira era pouco. Gostavam também de amarrar um pacote de bombinhas só para ver o bicho sair em disparada até morrer de cansaço com dos dentes arreganhados, faziam o mesmo com cabras e bodes dos moradores do bairro.
Moleque franzino e de pernas tortas, meio arqueadas, tinha uma estranha capacidade física podia apostar corrida com outros moleques que nas suas bicicletas se esforçavam pedalando morro acima para acompanhá-lo. Eu me lembro de que certa vez o Pitôco resolveu apostar uma corrida com o Capixaba pela Avenida Cauê, partindo do Berra Lobo em direção ao Armazém da Vale o Pitôco em pé na Charrete com chicote na mão a surrar o animal como se fosse o condutor de uma Diligência do velho Oeste, o Capixaba correndo na frente e o “Caminhão Manda-Brasa” (um FNM adaptado) dirigido pelo Orlando Maluco. Do resultado da trapalhada dos dois, o que sobrou foi mais uma sova de chicote e cabresto. Quando moleque o Capixaba, como o Forrest Gump tinha tanta pressa na vida que não andava só vivia a correr.
Dos moleques da sua turma o “Capixa”, foi o primeiro a encarar o casamento e logo e se mandou para outra cidade para criar sua família e o fez com relativo sucesso, nas suas palavras, disse que tem suas filhas formadas em curso universitário e o filho gerente de uma loja de grande rede de supermercado. Como um bom contador de causos em poucos minutos ele relembrou a verdadeira odisseia da sua vida.
Nesse meio tempo, a minha esposa chegou e ele a reconheceu como a irmã do Schulman e filha do Sô Antenor. Mostrou entre as cicatrizes da luta na vida um afundamento no lado do rosto como marca de dois aneurismas que já lhe acometera.
Perguntei por onde tem andado ele disse que voltou a morar aqui em Itabira, num sítio da família que estava abandonado, e que passava as horas cuidando de alguns bichos domésticos e matando cascavel à tapa. (Pelo visto ainda não perdeu a mania de contador de histórias). Sua esposa o chamou, assim nós encerramos um papo com mais de quarenta anos de atrasos.
Parou defronte a minha casa e ensaiou perguntar se estava na Rua correta, mas, mesmo antes de concluir a pergunta eu me antecipei e disse a ele que sim, era a rua onde morava sua irmã e ele ficou por algum instante meio desconcertado, pois eu o chamei pelo apelido de infância, ou melhor, pelo único nome pelo qual ele atendia desde sempre.
Chapéu de aba curta enterrado na cabeça mostrava que ele não fazia o estilo roceiro, ou country, estava mais para o bom estilo de sambista carioca, no puro estilo e charme da “Velha Guarda da Portela”. Em se tratando de chapéus os de abas largas estão no auge da moda, com esta mania dos bichos urbanos, se fantasiarem de cantores de música sertaneja ou como querem “moda e mania de sertanejos e universitários” (jeans, botas, fivelas e chapéus).
Ele olhou-me dos pés à cabeça tentando descobrir quem afinal o chamara de Capixaba. Não reconheceu a mim nem ao meu irmão Antônio Celso. Enfim disse: - Não estou bem certo quem é você, mas sei que você é irmão do Pitôco. Meu irmão Hélio era mais da sua galera.
Capixaba e Pitôco uma dupla de moleques que eram os reis das trapalhadas e coisas erradas. Não importa o que aparecesse de errado, se não era um com certeza era o outro. No bairro pegar gato do vizinho e amarrar um chumaço de palha de milho e tacar fogo só para ver o bicho sair em desabalada carreira era pouco. Gostavam também de amarrar um pacote de bombinhas só para ver o bicho sair em disparada até morrer de cansaço com dos dentes arreganhados, faziam o mesmo com cabras e bodes dos moradores do bairro.
Moleque franzino e de pernas tortas, meio arqueadas, tinha uma estranha capacidade física podia apostar corrida com outros moleques que nas suas bicicletas se esforçavam pedalando morro acima para acompanhá-lo. Eu me lembro de que certa vez o Pitôco resolveu apostar uma corrida com o Capixaba pela Avenida Cauê, partindo do Berra Lobo em direção ao Armazém da Vale o Pitôco em pé na Charrete com chicote na mão a surrar o animal como se fosse o condutor de uma Diligência do velho Oeste, o Capixaba correndo na frente e o “Caminhão Manda-Brasa” (um FNM adaptado) dirigido pelo Orlando Maluco. Do resultado da trapalhada dos dois, o que sobrou foi mais uma sova de chicote e cabresto. Quando moleque o Capixaba, como o Forrest Gump tinha tanta pressa na vida que não andava só vivia a correr.
Dos moleques da sua turma o “Capixa”, foi o primeiro a encarar o casamento e logo e se mandou para outra cidade para criar sua família e o fez com relativo sucesso, nas suas palavras, disse que tem suas filhas formadas em curso universitário e o filho gerente de uma loja de grande rede de supermercado. Como um bom contador de causos em poucos minutos ele relembrou a verdadeira odisseia da sua vida.
Nesse meio tempo, a minha esposa chegou e ele a reconheceu como a irmã do Schulman e filha do Sô Antenor. Mostrou entre as cicatrizes da luta na vida um afundamento no lado do rosto como marca de dois aneurismas que já lhe acometera.
Perguntei por onde tem andado ele disse que voltou a morar aqui em Itabira, num sítio da família que estava abandonado, e que passava as horas cuidando de alguns bichos domésticos e matando cascavel à tapa. (Pelo visto ainda não perdeu a mania de contador de histórias). Sua esposa o chamou, assim nós encerramos um papo com mais de quarenta anos de atrasos.
A vida em rápidas pinceladas...