Forças Vó

Tinha que escrever esta história que fez parte de minha vida por um período de tempo. Éramos eu, minha avó e um cachorro chamado Pety, inocentes e com um destino que parece cruel. Não queria escrever uma história triste, mas o Pety morreu e minha avó teve um derrame no qual ela não me reconhece, mas prometo que ao longo do texto vou falar de coisas boas.

Eu acordava e fazia todos os dias o café da manhã e antes de ir trabalhar minha avó vinha tomar seu café comigo, ela sempre abria a porta para o Pety entrar, parecia que ele tomava café com a gente, era muito simples, mas era feliz. Aquelas brigas de vó poucos tiveram a oportunidade de ter, quando chegava mais tarde de algum lugar ela ainda estava com a luz acesa e acordada me esperando e uma vez que não voltei na mesma noite ela não dormiu e no outro dia a bronca foi gigante, mas valeu apena, nunca mais eu deixei de avisar quando ia para algum lugar.

Sempre muito católica ela ficou chateada quando eu me convertir à igreja protestante, mas as graças e sua mania de pegar no meu pé continuou, parece que ela tinha cíumes de mim, sempre falava das característas da moça na qual eu devia me casar, sempre queria ver todas as fotos do meu celular e ficava de olho nas minhas conversas por telefone, depois me perguntava tudo, era engraçado até, mas ela era realmente muito fofa.

Agora vou falar um pouco do Pety, um cachorrinho simples da raça pinscher que sempre se alegrava ao me ver dando pulos em mim, sempre me esperava no portão quando eu chegava de algum lugar como disse no início do texto, ele e minha avó tinha uma conexão muito forte, ela sempre tratava com muito carinho e dava um pedaço de tudo o que comia para ele, era como se ele tivesse que participar de tudo da vida dela. Aquele cachorro simples e fofo era a maior companhia dela, pois eu nem sempre estava em casa.

Mas o tempo passa, tudo parece passar e o que resta são lembranças e alguma coisa também nunca acaba, dia desses nosso cachorrinho começou a cair os pelos, procuramos remédio, chamamos o veterinário, mas foi em vão, ele veio a óbito para gigante tristeza da minha avó, ele realmente fez parte da vida dela, depois disso ela ficou triste e mesmo tentando acalmá-la era em vão, dias depois minha avó teve um derrame no qual perdeu a memória e é totalmente dependente de nós. Este parágrafo foi sim o mais triste, mas eu tinha que contar isso.

Hoje sinto falta daqueles momentos que jamais voltarão, o Pety partiu, mas a minha avó ainda vive, não como antes, hj aperto forte a mão dela e fecho os olhos tentando voltar ao tempo pelo menos em lembranças, ela também segura forte em minhas mãos como se não quisesse soltar e realmente não dá vontade, mas não me entristeço porque tivemos uma história, somos neto e avó, gerações muito diferentes, eu buscando encontrar o meu caminho e fazer meu futuro e ela tentando viver o que ela sonhou tanto e dizia que era um futuro.

Me sinto na obrigação de transmitir cada felicidade a ela e dedicá-la cada pedaço de mim, pois posso ainda ter outras histórias, realizar muitos sonhos, viver muitas outras aventuras, mas também posso dizer que passei parte da minha vida com ela e fui muito feliz. Hoje um prêmio seria pouco para ela, preferia dar uma nova vida a ela para podermos passar por tudo novamente, mesmo que tivesse que ser as mesmas brigas chatas, os mesmos biscoitinhos do café da manhã, mas teria sua companhia, as histórias antigas, o nosso cachorrinho e muitas manhãs deliciosas e invejáveis para mim. Viveria a mesma história inúmeras vezes por ti vó. Forças Vó.

Fatos reais.

Darlan Leal

Darlan Leal
Enviado por Darlan Leal em 01/03/2014
Reeditado em 01/03/2014
Código do texto: T4711833
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