Congestionamento dos sentimentos

Não sei se estou tendo a melhor experiência da minha vida, ou se morri e fui ao paraíso, só sei que toda vez que ele me abraça o mundo desaparece, juntos com os problemas, as dúvidas, o medo, a solidão. Apenas ficamos vagando pelo espaço vazio, abraçados, sem rumo nem destino. Ele é o oxigênio que me mantém vivo. Torço para que ele não me largue tão cedo, continue me apertando firme, deixando minha cabeça sobre seu peito, sentindo o suave perfume que ele exala, sentindo o calor de sua pele sobre meu rosto. Ele afaga meus cabelos e me beija a cabeça, delicadamente, fazendo todo o meu corpo sentir os lábios. Depois de um tempo abraçados ele afasta meu rosto e me olha nos fundos dos olhos, os dele estão brilhando, assim como os meus. Ele não precisa dizer nada que sai exatamente o que ele quer falar, que está tudo bem, que ele está ali para me proteger, me abraçar sempre que eu estiver com medo, me dar carinho quando estiver triste. Volto a por meu rosto sobre seu peito e o mundo desaparece novamente.

Abro os olhos, a triste realidade machuca meu coração, queria poder voltar para os braços de meu amado, mas como? Se nem sei se um dia irei encontrá-lo ou se ele pensa do mesmo modo que eu, louco de ansiedade e de vontade de também estar sob meus braços.

Levanto da cama e sigo para a janela, abro as cortinas e deixo um pouco da claridade que começa a surgir entrar. Logo vai amanhecer, olho para o céu, está ficando bem claro. Meus olhos se direcionam ao horizonte, pergunto-me o que ele deve estar fazendo, será que está dormindo? Ou pensando em mim? A raiva e a tristeza tomam conta de meu coração, as lágrimas caem sem que eu ao menos possa contê-las. Volto para minha cama e cubro-me totalmente, desesperadamente querendo voltar para meu amado. Contorço-me várias vezes, mas o sono não vem e meu corpo não me deixar dormir. As lágrimas não cessam e parecem aumentar cada vez mais. Levanto-me novamente e ando para todos os lados, meu coração bate mais rápido que o normal, o telefone toca, tudo fica em silêncio e uma sensação de esperança toma conta de mim, pego ao telefone, mas não é ele - de novo - e a tristeza aumenta. Quando meu corpo desiste e não suporta mais tantas emoções de uma vez, desabo sobre a cama. Como sempre, os sonhos nunca se repetem quando volto a dormir.

Acordo lentamente, meus olhos doem, uma enxaqueca parece que vai me deixar louco. A cada momento que o telefone toca sinto que vou enlouquecer, passo o dia na expectativa de algo aconteça, mas logo volto ao estado de tristeza quando percebo que está anoitecendo e não aconteceu nada o dia inteiro. A dura realidade me mata cada vez mais.

E tudo se repete dia após dia.

Cristiano Fontes
Enviado por Cristiano Fontes em 23/02/2014
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