A Génesis Carmona...
Ela podia ter apenas acordado, ter ficado um pouco mais na cama...
Depois, o ritual de beleza... Banho, cremes, perfumes, maquiagem...
A rua tomada por perigos, ela podia ter ficado em casa, vestir uma roupa leve e assistir um filme ou conversar por horas ao celular.
Sim, ela podia ser só uma menina bonita, uma miss sorridente, uma princesinha segura sobre seus sapatinhos de cristal, em sua torre de marfim.
Mas inventou de enfrentar o dragão, de andar sobre o sangue que lava as ruas... Abriu a boca, borrou o batom, descabelou-se ao vento, ergueu os braços para bailar pelo país...
A foto do rapaz carregando seu corpo ferido e inerte no colo, atravessada sobre a moto, evoca tragicamente o príncipe em seu cavalo. Ele olha seu rosto, já uma paisagem vazia sobre a face...
A menina bonita tem agora a cara da Venezuela, de seu povo sob a opressão criminosa de um ditador imbecil, apoiado por imbecis.
Ela não precisa mais dos rituais de beleza.
Agora ela representa os que optaram corajosamente por estar ali, nas ruas, sob o fogo dos dragões do poder injusto.
Agora, ela é a beleza de um povo... Viva ou morta, ela é a Liberdade.