Meu amor maior
Às vésperas de fazer anos, eu fico a pensar que alegria é essa que me envolve durante esse período. Não é festa, pois não haverá nenhuma; não é presentes, porque eu sempre os escolho e nunca mudam, livros; não há um motivo aparente. Enquanto milhares de pessoas ficam arrasadas com a proximidade da velhice, eu nunca me preocupei com isso. Não há como se preocupar com o inevitável. É como temer a morte, a única certeza que temos na vida.
Não é nada disso. É o meu dia. Sempre foi assim, para mim, desde criança. Eu sempre me esquecia de tudo e sentia-me feliz por dentro. Se a vida estava boa ou ruim, no meu dia nada importava, eu, antecipadamente, ficava feliz. É uma coisa interior e somente minha, que não divido com ninguém. A cada número acrescentado, uma alegria. Mesmo sabendo que eu não nasci neste dia. Sim, eu nasci uns dias antes, mas nunca soube quando. Mas se estava na certidão, eu não contestava.
É um dia em que gosto de estar comigo mesma, de preferência sozinha. E sem dores, tristezas, fazendo somente o que desejo e gosto, celebrando a minha vida, que me é tão cara.
Há alguns anos, quando a vida decidiu tirar a máscara da perfeição e me jogou no fundo do poço, eu comecei a aprender a dar ainda mais valor ao dia do meu aniversário. Eu celebro a saúde que tenho, o fato de não aparentar a minha idade, o aprendizado constante, as pessoas maravilhosas que passaram por minha vida e já se foram. Até mesmo as frustrações me ensinaram alguma coisa.
Mas percebo que, muito recentemente, outra mudança significativa ocorreu em minha forma de lidar com o mundo e de enxergá-lo, mais exatamente as pessoas que nele estão. Como são complicadas! A vida poderia ser mais fácil se ninguém a complicasse. Mas as pessoas veem impedimento em tudo, colocam obstáculos em coisas simples. Enfim, eu seria mais feliz se as pessoas se descomplicassem mais. Mas elas parecem se negar certos direitos. Para mim, a vida é o hoje, o agora. Não sei se realmente existem outras vidas. Eu até acredito que exista, mas não tenho provas, nem certezas. Então, que tal viver esta vida em profundidade, intensamente, com suas dores e alegrias?
Enfim, eu não posso mudar o mundo e nem as idiossincrasias dos demais. Isso pode me causar frustrações, mas são coisas que não dependem de mim. O jeito é aceitar e lidar com isso. O que lastimo muito, pois viver profunda e intensamente é a melhor coisa. Se é para chorar, vamos chorar até os olhos doerem. Se é para rir, vamos rir até a barriga doer. Se é para ser feliz, bebamos até a última gota desta felicidade. Se é para odiar, odiemos profundamente. Se é para amarmos, que seja “eterno enquanto dure”, forte, intenso e profundo.
De qualquer forma, eu estou feliz, mesmo tendo alguns percalços em minha vida atualmente. Mas não permitirei que me tirem o prazer de ter mais um ano adicionado à minha vida. Ou será menos um ano de vida? Não importa. O que vale à pena é a celebração da vida com saúde, paz, consciência tranquila, filhos criados, realização íntima comigo mesma, porque eu amo o meu jeito de ser, amo cada gesto meu, cada pedaço meu, cada ideia que tenha, cada ato que cometa, cada palavra dita. Se eu não me bastasse, teria insistido nessa loucura de suicídio. Mas um dia abri meus olhos e disse: eu me amo, eu adoro ser como sou, porque sou autêntica e não uma réplica de milhões de outras pessoas.
Eu, sem maquiagem. Eu, sem cabelos grandes. Eu, sem roupas cheias de frescuras. Eu, com passo firme e cabeça erguida. Eu, com minhas ideias geradas a partir da vida, dos livros e das minhas próprias experiências. Eu, solidária e parceira. Eu, odiada e desprezando quem não me diz nada. Eu, com autoestima imensa. Eu, orgulhosa de ser quem sou. E é tudo isso junto que faz com que eu consiga superar muitas coisas na vida. Eu me amo e não existe amor maior do que este. Em nome desse amor, eu vou brindar o meu dia e vou passá-lo fazendo somente coisas das quais goste.
Eu só sou assim porque me admiro demais. Narcisismo? Não, reconhecimento. E como dizia um primo amado, não existe motivo para falsa modéstia quando reconhecemos nosso próprio valor.
E me direi: Feliz aniversário, querida! É seu dia, aproveite! Eu me orgulho de você! Seja feliz! Eu me amo!
Campos dos Goytacazes, 15 de fevereiro de 2014 – 01:12 horas
Uma homenagem a mim mesma!