Com Ele Eu Não Precisava Falar - A Meu Pai.

Com ele não precisava falar. Ele percebia meus sentimentos com um olhar e não se omitia. Sempre estava pronto a confortar.Dizia que se via em mim.Que eu herdara a sua sensibilidade e isso o preocupava de certa forma.

Meu pai foi meu guia, meu orgulho, minha fonte inesgotável de segurança. Se me via ao espelho, antes de sair de casa, ele dizia que eu estava linda, respondendo o que a adolescente insegura indagava ao objeto que a refletia.

Sou a filha mais velha e a primeira a conhecer a ternura daquele pai que também era um marido terno e apaixonado. Somos filhos de um casal que se amou até que a morte o levou prematuramente, aos 50 anos.

A minha mãe nos amava e nos cuidava, porém não escondia de ninguém a predileção por ele, que com doçura em excesso não nos deixava com água na boca e repartia tudo conosco.

Meu pai tinha grandes qualidades físicas e morais. Era bonito, inteligente, justo, honesto e generoso. Um homem público que honrou a política, mas era melhor ainda em família.

Talvez tenha exagerado na dose de amor e nos deixou mal acostumados. Se o mundo nos “parecia” hostil, ele era o super-herói que nos protegia. Porém, o mundo ” fez-se “ hostil e o levou enquanto eu ainda aprendia a ser mãe de uma filha linda que não tinha feito o primeiro aniversário.

Hoje, 26 de setembro de 2006, ele completaria 70 anos e se sentimos falta de sua presença física, temos certeza de que ele contínua em nossa memória afetiva.Permanece em tudo que somos, em tudo que nos ensinou, em todos os nossos gestos de amor, justiça, generosidade e união.

No último domingo, comemoramos o batizado de Isabella, sua netinha caçula, de maneira íntima, mas com muita alegria e afetuosidade e tenho convicção de que papai estava em cada abraço, em cada beijo e em cada carinho que trocamos, pois foi com ele que aprendemos a nos amar e a nos respeitar.

Hoje o homenageio com saudade e agradeço a Deus pelo pai que tive, por minha mãe com sua força, pela família unida, pela filha linda, pelos sobrinhos, cunhados, tios primos e amigos queridos

.

Enfim, sou grata por esse reservatório de amor que nos ajuda a encarar a vida de frente.

Evelyne Furtado , em 26 de setembro de 2006.

Evelyne Furtado
Enviado por Evelyne Furtado em 29/04/2007
Código do texto: T468960
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.