O TIRANO DA APÚLIA
“Aos heróis da terra e do mar”
Hau, ué, lá vem o Tirano
A correr muito agitado
Traz notícias do mar bravo
Que nos deixa sem pescado.
Com o Tirano a ladrar
Ninguém teme haver perigo
No moinho a pernoitar
É da vila um bom amigo.
Vigilante noite e dia
Nada há que se lh´ escape
Anda sempre em correria
Lá nas ondas, chape, chape.
De noite pr´ os marinheiros
Faz de sonora candeia
De manhã os sargaceiros
Trazem-no sempre na ideia.
Falta o peixe, falta a vida,
Tirano sabe-o bem,
Faz partilha consumida
Sem ratear um vintém.
Junto ao seu moinho velho
Vendo ao longe embarcações
Cruza a vila, sem conselho,
A fazer convocações.
Quando os barcos ´stão chegando
É o primeiro a aparecer
Percorre a praia saltando
Reladrando com prazer.
Se não há peixe há sargaço
O Tirano hora a hora
Puxa as redes sem cansaço
Tanto dentro como fora.
Se alguém foi e não voltou
É o primeiro a descobrir
A saudade lhe ficou
Na sua alma a ganir.
Vai à porta das tabernas
Não precisa fazer festa
Troca os copos p´ las bifanas
Enroscando-se para a sesta.
Certo dia de nevoeiro
Do Tirano nem sinal
Levou-o um forasteiro
Pro canil municipal.
Ó Tirano desta história
És herói sobremaneira
Ficas sempre na memória
Com o mar ali à beira!
Frassino Machado
In AO CORRER DA PENA