O TIRANO DA APÚLIA

“Aos heróis da terra e do mar”

Hau, ué, lá vem o Tirano

A correr muito agitado

Traz notícias do mar bravo

Que nos deixa sem pescado.

Com o Tirano a ladrar

Ninguém teme haver perigo

No moinho a pernoitar

É da vila um bom amigo.

Vigilante noite e dia

Nada há que se lh´ escape

Anda sempre em correria

Lá nas ondas, chape, chape.

De noite pr´ os marinheiros

Faz de sonora candeia

De manhã os sargaceiros

Trazem-no sempre na ideia.

Falta o peixe, falta a vida,

Tirano sabe-o bem,

Faz partilha consumida

Sem ratear um vintém.

Junto ao seu moinho velho

Vendo ao longe embarcações

Cruza a vila, sem conselho,

A fazer convocações.

Quando os barcos ´stão chegando

É o primeiro a aparecer

Percorre a praia saltando

Reladrando com prazer.

Se não há peixe há sargaço

O Tirano hora a hora

Puxa as redes sem cansaço

Tanto dentro como fora.

Se alguém foi e não voltou

É o primeiro a descobrir

A saudade lhe ficou

Na sua alma a ganir.

Vai à porta das tabernas

Não precisa fazer festa

Troca os copos p´ las bifanas

Enroscando-se para a sesta.

Certo dia de nevoeiro

Do Tirano nem sinal

Levou-o um forasteiro

Pro canil municipal.

Ó Tirano desta história

És herói sobremaneira

Ficas sempre na memória

Com o mar ali à beira!

Frassino Machado

In AO CORRER DA PENA

FRASSINO MACHADO
Enviado por FRASSINO MACHADO em 11/02/2014
Reeditado em 11/02/2014
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