ESPECIALISSIMO

Dedicado a meu único filho e amado Pedro Henrique que carinhosamente chamo de PH, meu pretinho, meu petuquinho, filho mamãe te ama demais, FELIZ ANIVERSÁRIO QUE JESUS TE ABENÇOE E TE DÊ SAÚDE!.

Um dia fui enviado dos céus, para os braços de mulher muito especial, forte e batalhadora: minha mãe.

Sou fruto de muito amor, minha mãe sempre amou demais meu pai e por isso eu nasci.

Não sei o meu papel aqui nesse mundo, mas, confesso que é um prazer tê-la como mãe, minha grande amiga e companheira.

Agora você quem conhecerá um pouco sobre nós, muito prazer eu me chamo Pedro Henrique e sou um cara especial, em todos os sentidos sou bastante sociável e tenho muitos amigos,o fato de ter nascido com uma má formação congênita e cujo laudo confirma que tenho vestígios da Síndrome de Daddy Walker (também chamada de complexo de Dandy Walker, consiste em uma malformação cerebral congênita que acomete o cerebelo e os espaços repletos de líquido circunvizinhos a ele) atinge a minha cognição e dificulta a minha fala, minha leitura e escrita.

Foi difícil para minha mãe entender.

Bem voltando ao assunto EU (rs) quando mamãe ouviu meu coraçãozinho bater, ela chorou de emoção! Aquelas novidades, os medos, primeiro filho.

Ela fez o pré-Natal e várias ultrassonografias e lá sempre afirmava que Eu era um bebê normal.

Mamãe jamais poderia imaginar o que estava por vir.

Ela sempre cuidou de mim muito bem quando eu estava na barriga dela, ela cantava pra mim (acho que por isso que hoje adoro música, instrumentos, canto com dificuldade mais pelo menos eu tento não é?), fui crescendo e os meses se passaram e eu fui pedindo passagem e dizendo:

Eu quero sair daqui!

Eu mexia e tinha vontade de gritar: Eu quero sair pessoal!

Mas, como não falava, ninguém me ouvia, o tempo passou e eu então rompi a bolsa, ultrapassei as barreiras e assim eu estava pertinho de sair daquele lugar, onde não sofria preconceito e era amado por ser quem sou, nós fomos levados para um lugar chamado Maternidade.

Soube que lá papai do céu dá de presente bebês e eu era um deles.

E no dia 07 de fevereiro de 1999, as 10:00 da manhã eu cheguei aqui nesse lugar chamado mundo.

Mal saí da barriga da minha mãe ela falou bem alto na sala de cirurgia:

- Meu filho é perfeito?

E a obstetra e pediatra responderam SIM seu filho é perfeito, realmente ela não errou nisso: eu tenho todos os membros, fisicamente sou perfeito sim, o que elas não podiam afirmar como eu era por dentro, meu cérebro que apresentava uma pequena falha, o meu corpo caloso é um pouco maior e dessa forma tenho algumas dificuldades de aprendizagem.

Isso só foi detectado depois de muitas lutas da minha família a especialistas.

Meu nascimento foi uma festa, na maternidade vovô e vovó enfeitaram todo o meu quarto com balões, teve bolo e bebidas, recebi muitas visitas lá e todos felizes e mamãe chorava preocupada porque eu não mamava e ela era ansiosa demais queria que eu pegasse aquele peito cheio de leite, mais eu não conseguia, ela sofreu pois eu não queria pegar aquela tetona (rs),quando consegui mamar aí sim foi só alegria,ela amava quando eu olhava pra ela fixamente na hora de mamar, essas trocas de olhares apaixonados só quem foi mãe entende.

Ficarmos naquele quarto frio e cheio de cuidados, tudo era novo, eu chorava e sempre tinha alguém para me observar, me senti famoso um monte de gente me olhava pelo vidro que nos separava do corredor onde as pessoas vão conhecer as crianças que nascem eu me achava, depois dos primeiros cuidados era a hora de ir para a nossa casa.

Ela olhava pra mim e dizia: Vamos Pedro para a nossa casa, tinha um homem junto (acho que era o meu pai) e ele ajudava mamãe em quase tudo, só não podia me dá leite pois o peito era da mamãe (rs), só que se eu fazia xixi ou côcô ele limpava, passava talquinho ele parecia se um homem bom, hoje não posso falar o mesmo.

Quando eu cheguei em casa tive mais visitas todos os amigos e amigas da minha mãe queriam me ver, me senti uma celebridade, quando todos foram embora eu fui colocado num berço bem lindo que minha vovó e minha mamãe preparou com carinho pra mim era muito confortável e tudo era novo para nós, minha mamãe tinha dificuldades comigo, como vocês falam: Ela era "marinheira de primeira viagem" e eu sempre fui grandão mais bem molinho, no inicio foi difícil para ela aceitar tanta coisa de uma vez ( qual é a mãe que quer um filho especial, ela se questionou muitas vezes) por que? E isso ela nem sabia, acho que levou quase oito anos para ter certeza.

Minha mãe sofreu demais apesar de está sempre protegida pelos meus avós e pelo meu tio, ela é a responsável por mim, ela se sentia culpada por eu ter nascido assim, ela ainda estava na Universidade e tinha muitos caminhos a percorrer ainda comigo.

Foram muitas batalhas, além de tudo isso sempre fui frágil e alérgico nasci com o Kit alergia completo: sinusite, rinite, bronquite, tive asma nossa nem bichinho de pelúcia podia ter, mamãe passou muitas noites em claro me ninando com carinho, adorava quando ela me cheirava com ternura.

E meus banhos quentinhos?

Aqueles cuidados com as roupas, comida ela fazia nos momentos que estava em casa, no geral mesmo que tomava conta de mim era minha vovó que me ajuda e ajuda mamãe até hoje.

Muitas vezes mamãe ia trabalhar e eu estava dormindo, depois ela ia pra universidade e quando chegava cansada ela ia me ver no meu berço e eu dormindo, mas ainda escutava ao longe aquela voz dela:

Ela ficava me olhando e conversando comigo, muitas vezes mamãe me pedia desculpas por não ter tempo pra mim, eu era pequeno pra entender e mesmo sendo grande hoje, ainda não entendo muita coisa, mais sei que tudo é pro meu bem.

Nós passamos por momentos difíceis e hoje agradeço a Deus por me dá uma mãe que é uma guerreira, vi e vejo-a chorar muitas vezes, são lágrimas de tristezas e incertezas, só que ela é uma figura, a vejo rir de alegria, quando conquisto qualquer coisa o que ela chama de pequena conquistas diárias, eu demorei a falar, demorei a andar, mais na minha vida tenho um anjo chamado vovó Cleide que cuidava de mim com muito carinho quando eu era pequeno e cuida até hoje mesmo eu sendo grandão.

Vovó diz: que sou menininho de vovó.

Mamãe se culpa demais por ser ausente muitas vezes, eu sei que ela tem que trabalhar, minha mãe corre muito e ela não é uma atleta, ela é uma bibliotecária, de tanto ver mamãe contando histórias hoje eu finjo que conto quando pego algum livro e eu digo pra todo mundo: Mamãe sabe.

Ela foi a muitos especialistas querendo entender o porquê de tudo isso e sei que até hoje ela não entende, mesmo sabendo que ela agradece a Deus pelo Dom da minha vida, eu sou assim perfeito aos olhos de Deus, sou bem ativo, fiz natação ainda bebê, depois fiz capoeira, futebol, aliás, herdei do meu avô o seu Souza que eu Chamo de painho o amor pelo mundo do futebol, amo música, dança e instrumentos musicais, na música sou fã do MJ.

Meu tio e padrinho me deu um violão e eu estou curtindo muito. Na escola e na rua sou querido por muita gente, todos me tratam com respeito, falo dos conhecidos, mais sofro preconceitos também, a vida é assim, mais ser diferente é normal, o problema não sou eu, o problema é dele que tem preconceito. Eu sou feliz!

Amo ir a praia, festas, eu gosto de passear, falo pouco mais sou muito sociável fiz muitos amigos morei em João Pessoa, Imperatriz, Açailândia – Ma e agora estou em João Pessoa de novo, eu tenho muitos amigos mesmo, sinto falta deles e sei que eles sentem de mim, mais no momento estou curtindo meus avós.

Papai foi embora da minha vida, sofri demais não entendia o porquê, Sabe? Eu gostava dele, mesmo minha mãe explicando tudo pra mim, eu demorei a entender, hoje entendo um pouco sei que ele mora numa casa e mamãe em outra, senti falta dele muitas noites, mais acostumei, queria que meus pais fossem amigos, mais meu pai não quis, nem sei onde ele está, mais o amo ainda assim, vejo as fotos e sorrio, acho que o nome disso é saudades e também lembranças, mamãe sempre trabalhou e conseguiu suprir minhas necessidades materiais, mas, sinto falta da figura do pai, só que tenho meu vô e meu tio agora.

Mamãe não fala nada pra mim, sei que chorou muito e chora por tudo que já sofri (realmente tive muitos problemas respiratórios, cistos e agora meu joelho) no momento ela chora pela saudade que sente, a luta é grande e diária, aos poucos fui ganhando força, coordenação motora, peso e o MUNDO!

É um processo lento sem dúvida, só que o nosso objetivo é tentar aquilo que é possível para que eu possa evoluir, aqui tenho qualidade de vida com meus avós. Hoje sou enorme sabia?

Eu estou forte e estou na puberdade. Uma fase complicada para todos nós mais sou bem tranquilo o meu neuro é meu chapa, amigão da vovó e tem orientado ela a cuidar melhor de mim, mais e mais.

Agora sou um rapaz com gostos e personalidade própria e quando falei com minha mãe por telefone ela ficou espantada com a minha voz grave e disse meu Deus: Meu filho é um rapaz eu sorri meio sem entender (por que as mães pensam que ficaremos estáticos e não cresceremos, poxa mamãe Não me chama de Pedrinho por favor kkk que mico!)

Hoje estamos lutando com um problema sério no meu joelho, que rende a minha mãe noites sem dormir, preocupações, medos, incertezas e estamos lutando para resolver, são cansativas as visitas, picadas de agulhas, exames, tomografias e tantos exames que nem sei enumerar.

Mamãe Ana me olha muitas vezes fixamente e diz que tem muito orgulho de mim, sabia que eu também tenho orgulho dela?

Cada conquista minha é uma vitória para ela, eu digo Não chora não rapaz kkk mais o rapaz sou eu, meu nome é Pedro Henrique de Souza filho de Ana Cleide Patrício de Souza e estou completando 15 anos aí cara te falo agora: Se eu sou especial digo a você minha mãe é que especialíssima por ter um filho como eu.

PS: Iniciei o texto em 26 de agosto de 2013 e terminei agora faltando 15 minutos para o dia do aniversário de Pedro.

Em lágrimas amor de mãe não se explica se sente.

Ana Cleide Patrício de Souza

Orgulhosamente mãe de Pedro Henrique de Souza Barbosa.

Ana Aníssima
Enviado por Ana Aníssima em 07/02/2014
Reeditado em 26/04/2014
Código do texto: T4681501
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