Nossa lembrança diária por meio da oração (Cerimônia de 1 ano de falecimento do tio Laurindo)
Há exatamente um ano, num sábado 26 de janeiro, nos despedíamos do tio Laurindo. E desde então, temos enviado a ele as nossas orações todos os dias. Conforme a prática do Budismo Nitiren, oramos diariamente pelas pessoas queridas falecidas e realizamos cerimônias alusivas como neste momento.
Diferentemente de quando nos despedimos em vida, antes da pessoa partir, quando alguém falece nos despedimos depois que a pessoa já partiu. E então começa a nossa saudade.
Contudo, de acordo com o Budismo, seguramente reencontraremos nossos entes queridos falecidos. Por meio das orações, podemos sentir a unicidade com as pessoas queridas falecidas ou então as encontraremos após a nossa morte num local figurativo denominado Pico da Águia. Também poderemos encontrá-los em outras existências.
O presidente Daisaku Ikeda afirmou: “O elo familiar na órbita da Lei Mística é eterno. Existência após existência sempre estarão juntos.” (BS 2105) E “o mais importante para nós que estamos vivos neste momento é vivermos com esperança e nos empenharmos para sermos felizes. Em relação à unicidade da vida e da morte, ao alcançarmos a felicidade poderemos enviar ondas de boa sorte às pessoas que faleceram; a nossa felicidade também servirá como uma prova de que elas atingiram o estado de Buda. Por outro lado, se nos permitirmos sermos dominados pela aflição, os falecidos também sentirão esse sofrimento, uma vez que estamos sempre juntos e somos inseparáveis.” (BS 1315)
Existem pessoas que visivelmente sentem muito sofrimento desde os momentos que antecedem a morte. Por outro lado, o tio Laurindo teve uma passagem natural e repentina. Isto mostra que ele escolheu a época mais oportuna da sua vida para nos deixar. Ele partiu só depois de vencer as grandes adversidades do seu carma e de deixar a sua família em condições estruturais de continuar se mantendo. A prova é que após um ano, sua família prossegue nos desafios diários sem se desviar do caminho da fé e dos objetivos de vida.
O tio Laurindo escolheu o dia 26 de janeiro para partir, exatamente o dia em que a Soka Gakkai Internacional foi fundada no ano de 1975, pelo nosso mestre Ikeda. A Soka Gakkai Internacional é a organização que promove as atividades budistas e também eventos culturais, artísticos e educacionais em 192 países e regiões. Ou seja, é a promotora da paz e felicidade no mundo inteiro. Portanto, ele escolheu um dia muito significativo para ser lembrado.
Como um homem do campo, detentor de uma sabedoria intrínseca, ele conhecia bem os mecanismos da natureza e o compasso do tempo. Estava acostumado que as plantas têm o seu tempo certo para germinar, crescer e amadurecer para serem colhidas e cumprirem a sua missão. Enfrentou 62 invernos na sua vida, inclusive o rigoroso frio do Japão, porém faleceu em pleno verão brasileiro. Durante a sua vida, tanto semeou que ainda hoje os frutos que deixou continuam crescendo e florescendo.
O Budismo ensina que podemos definir a época em que faleceremos, assim como determinar tudo o mais na nossa vida e até decidir as circunstâncias das próximas existências. Tudo isso é delineado de acordo com as causas que fazemos a cada instante – com os sentimentos que nutrimos em nosso coração, as palavras que lançamos ao mundo e os comportamentos que adotamos. Conscientes ou não, a cada instante estamos determinando as condições da nossa vida e da nossa morte, e o equilíbrio com que lidaremos com as situações que nos surgem. A prática do Budismo é a causa mais poderosa que existe, capaz de transformar qualquer circunstância, de direcionar os acontecimentos da forma mais favorável e de conduzir a nossa vida à felicidade.
Gostaria de lembrar as carinhosas palavras de conforto dedicadas pelo presidente Ikeda a uma pessoa cujo pai havia falecido: “Os grandes benefícios advindos da fé no Sutra de Lótus não se restringirão somente à iluminação de si mesmo; eles se estenderão para seus pais e mães. (...) O senhor, que é filho, como também seu falecido pai atingirão infalivelmente a iluminação e tornar-se-ão felizes. Por isso, haja o que houver, deve empenhar-se vigorosamente na prática da fé. Quando o senhor fizer uma prática que lhe permita dizer com toda a convicção que está muito feliz, seu pai também, com toda a certeza, estará desfrutando a mais plena felicidade.” (Coletânea de Orientações, v.4, p.33.)
Portanto, com o coração tranquilo que o tio Laurindo seguramente atingiu a iluminação, rendemos-lhe mais esta homenagem em sua memória, com o sentimento de continuar lembrando-nos dele todos os dias durante as nossas orações de manhã e à noite.
Muito obrigado a todos pela participação na cerimônia de hoje.
(São José do Rio Preto, 26/01/2014)