A HORA MÁGICA
Há de chegar a hora,
A hora dourada,
Curta e perene,
A hora mágica!,
Sem artifício
Ou tática,
Em que os lábios sorrirão,
A princípio ternos,
Depois trêmulos,
Em seguida largos
Para a boca poder gargalhar!
E não haverá braços tantos
Que abracem um ao outro!
O tempo será eterno e será pouco
Para aplacar a saudade que foi longa
Sem nunca eles terem partido.
As mãos falarão entre si
Pelas pontas dos dedos
Tantas tagarelices suaves,
Arfando como botões de rosas
Que se abrem à luz de um dia magnífico.
Os corações, já não tão jovens,
Na transfusão de sangue-afeto,
Serão crianças barulhentas,
Um esbaldar de emoções!
Os olhos, qual cristais de quartzo,
Irradiarão ondas de energia,
Fechando os corpos
Em fluidez e harmonia.
E a ternura abrirá as asas,
Cafuné esperado,
A voz conhecida tão pertinho,
O toque sem retoque,
O poema dividido.
No acaso preparado
Eles se verão como já foram e são:
Almas amigas.
Conversam porque se ouvem,
Porque quiseram pintar em aquarela
A paisagem de incomum sintonia.
Há de chegar a hora da chegança,
O tempo certo de se estar, enfim,
O tempo certo de se estar, enfim,
De braços dados,
Sol em purpurina,
O momento aguardado
De se chamarem amigos,
Olhos cheios,
Um desmanchar de carinhos,
Um brinde de poesia.
Sol em purpurina,
O momento aguardado
De se chamarem amigos,
Olhos cheios,
Um desmanchar de carinhos,
Um brinde de poesia.
Chegará, um dia, a hora única
Para nossa paisagem amiga tão antiga!
Para nossa paisagem amiga tão antiga!
SP 20/07/2005
(para você, sempre, mesmo estando já na Via Láctea)