Fotografia de © Ana Ferreira
PASSAGEIRO
Somos passageiros
do trem chamado vida...
Da alma o tempo é carcereiro,
martirizador da última réstia de emoção,
tornando-a gasta e cansada,
até que, como folha de outono,
a faz cair, de encontro ao frio chão…
Quando o passageiro já não sente
o vento que o fazia continuar,
sabe que a viagem tem de terminar.
Não lhe resta mais nada.
Nada lhe há de pertencer,
além da doce memória
de um alegre amanhecer.
Dentro de ti havia ainda um infinito espaço para sonhar,
mas hoje, passageiro, fizeste a mala e partiste.
Sei que dentro dela apenas irás levar os teus momentos felizes.
Até sempre, querido amigo Ovídio.