PIXINGUINHA, O CHORÃO
O CHORÃO
Jorge Linhaça
Homenagem a Pixinguinha
no dia do choro
23/04/2007
Com treze anos começaste
a todos a surpreender
ao executar tua arte
sem as novidades temer
o disco era novo mas, destarte,
gravaste como havia de ser
Como nas rodas de choro
onde tocavas com pai e irmãos
chutaste longe o decoro
e soltaste a improvisação
eras o menino de ouro
que não se vira até então
Na vida eras até atrapalhado
quando se tratava de praticidade
como no erro consagrado
de te enganares na idade
ao te fazeres enfim registrado
no cartório da cidade
"Comeste" o "filho" do teu nome
ficaste igual ao do teu pai
da mãe erraste o sobrenome
mas isso por certo não trai
a teu trabalho e o renome
que preenche os dias atuais
Teu apelido inusitado
tem uma origem engraçada
de quando foste flagrado
surrupiando uma carne assada
psi-di ( glutão) da áfrica originado
Virou Pixinguinha, alcunha abençoada
Tanto há pra falar de ti
que precisaria mil poemas
A criação dos "oito batutas"
os saraus no Palais,o cinema,
enfrentando a racista luta.
E a casa da tia Ciata , lembra?
Dai em diante não mais paraste
viajaste pelo mundo afora
executando a tua doce arte
- Deitaste até a flauta fora-
Do sax então te ocupaste
instrumento de doce memória
Teus arranjos fizeram história
escapando da quadradice
dos maestros de outrora
deste à música meninice
Hoje os anais da glória
Guardam-te com carinho, viste?
Em fevereiro de 1973
Chegava tua missão ao final
saudades de dona Beti talvez
Houve comoção nacional
A banda de Ipanema se desfez
sem querer saber do carnaval.
Receba aqui esta homenagem
em meus versos de emoção
me desculpe a coragem
desta pobre improvisação
Leva em conta a saudade
que deixaste-nos no coração.
*****
pesquisa biográfica realizada em
www.pixinguinha.com.br
baseada no trabalho de Sérgio Cabral