Florbela
Reedição
À Florbela Espanca
AS QUADRAS D’ELE III*
* Com base no hábito de Florbela de datar apenas a última de várias poesias feitas no mesmo dia, esta quadra deverá ser considerada de 01/03/1916.
(Esta é a segunda de 17 quadras escritas no mesmo dia)
Fonte: Florbela Espanca: Poesia Completa
"Que filtro embriagante
Me deste tu a beber?
Até me esqueço de mim
E não te posso esquecer!...."
Comentando....
Bebo voluntariamente esse “filtro”
Quero sentir esse tormento
Paz? Lugar comum para os pobres mortais.
Se a Paz me deixa muda, calada
Viva a tormenta desse mar sem fim
Festejo essa dor que me faz querer
Viva a vontade que mora em mim
Viva as tempestades dentro do meu peito
Viva a angústia que me faz viver
E se ainda assim não puder sentir
O gosto de encontrar com o infinito
Que eu seja amaldiçoada
Que da minha boca não saia nenhum grito.
Que eu morra sem ter passado pela vida
Que o mar trague o meu corpo
Sem cicatrizar suas feridas.
Ofereço esses versos a mais bela de todas as poetisas. FLORBELA ESPANCA
Enviado por Ana Maria Carvalho em 28/11/2008
Código do texto: T1307813