tela: renina katz (gravura)
O PARÁGRAFO COM A ARTE POÉTICA DE ETEL FROTA
Poesia de seiva, vida e poesia se conjugam com arte poética da paranaense Etel Frota, onde a interação palavra escrita, verbalizada, sonora se amalgama num corpo criativo único. Médica de profissão, se entrega totalmente à arte com o despojamento
daquela, e a ousadia dos que afrontam e encontram pelos caminhos da Arte a sua própria eclosão.
Assim, nos diz sobre a poetisa o poeta Thiago de Mello em prefácio sobre o seu livro ARTIGO OITAVO (1):
" ....poesia não tem precisão...falo de poesia, poesia de mesmo. Como a de Etelvina Frota, cujas asas feitas de palavras escolhidas, com ciência e paciência percorrem serenas e certeiras o caminho de silêncio sonoro para chegar guiadas pela inteligência, ao coração do leitor aberto para o milagre da poesia..."
"...na verdade, a facilidade que em aparência se encontra no dizer de Etelvina é simplesmente a difícil simplicidade conquistada com rigoroso trabalho. Dona de cadência musical, não só no verso metrificado, como também no verso livre e branco, em que ela inventa ritmos e sonoridades..."
Do livro supra citado, o poema:
ÚLTIMA FORMA
"Era uma vez um poeta
que inventou a profecia
apunhalou a poesia
quando a coitada dormia
e foi ser destro na vida".
Mas se é do poeta um dia,
o outro é da poesia.
(de morta ela só fingia)
Levantou,
lambeu-se onde ainda doía,
espiou por uma fresta
da alma daquele poeta.
A tarde era calma. Chovia.
Eis, então, que num repente,
num mais fundo respirar,
rompe-se a velha corrente
e a poesia num piscar,
inunda, feito torrente,
o chão daquele lugar.
Escorreu pela sarjeta
com a chuva que caía
Dissolveu, ganhou a rua,
encharcou toda cidade
e a despeito do poeta
reiventou a profecia...
(1) FROTA, ETEl. Artigo Oitavo: poesia escrita, falada e cantada, Curitiba,2002.
O PARÁGRAFO COM A ARTE POÉTICA DE ETEL FROTA
Poesia de seiva, vida e poesia se conjugam com arte poética da paranaense Etel Frota, onde a interação palavra escrita, verbalizada, sonora se amalgama num corpo criativo único. Médica de profissão, se entrega totalmente à arte com o despojamento
daquela, e a ousadia dos que afrontam e encontram pelos caminhos da Arte a sua própria eclosão.
Assim, nos diz sobre a poetisa o poeta Thiago de Mello em prefácio sobre o seu livro ARTIGO OITAVO (1):
" ....poesia não tem precisão...falo de poesia, poesia de mesmo. Como a de Etelvina Frota, cujas asas feitas de palavras escolhidas, com ciência e paciência percorrem serenas e certeiras o caminho de silêncio sonoro para chegar guiadas pela inteligência, ao coração do leitor aberto para o milagre da poesia..."
"...na verdade, a facilidade que em aparência se encontra no dizer de Etelvina é simplesmente a difícil simplicidade conquistada com rigoroso trabalho. Dona de cadência musical, não só no verso metrificado, como também no verso livre e branco, em que ela inventa ritmos e sonoridades..."
Do livro supra citado, o poema:
ÚLTIMA FORMA
"Era uma vez um poeta
que inventou a profecia
apunhalou a poesia
quando a coitada dormia
e foi ser destro na vida".
Mas se é do poeta um dia,
o outro é da poesia.
(de morta ela só fingia)
Levantou,
lambeu-se onde ainda doía,
espiou por uma fresta
da alma daquele poeta.
A tarde era calma. Chovia.
Eis, então, que num repente,
num mais fundo respirar,
rompe-se a velha corrente
e a poesia num piscar,
inunda, feito torrente,
o chão daquele lugar.
Escorreu pela sarjeta
com a chuva que caía
Dissolveu, ganhou a rua,
encharcou toda cidade
e a despeito do poeta
reiventou a profecia...
(1) FROTA, ETEl. Artigo Oitavo: poesia escrita, falada e cantada, Curitiba,2002.