CÁSSIO POETA VELOZ – POETA VULCÃO

O mundo dá voltas, o tempo passa e o amanhã sempre pode ser diferente.
Assim se sucede para com todos e para comigo e Cássio Cunha também.
Amigos de frequentarmos a casa – um d’outro - nos anos 80, os motivos circunstanciais trataram de distanciar-nos, pelo menos, por mais de três décadas. E como diz o velho dito “quem é vivo sempre aparece” cá estamos tocando no barzinho do Walter, no Caiçara. Eu com meu Godin e ele com gaitas, percussão e muita poesia.
Isto mesmo; poesia. Cássio tornou-se poeta.
Dê-lhe os ouvidos e o cara estende-lhe seu livro, pede-lhe que abra uma página qualquer, tal como um periquitinho sacando-lhe a sorte e em seguida entoa o laureado poema, empolgado e enfático, dando-lhe forma e vida, além de proteção à qualquer errônea interpretação.
Grata surpresa.
Desconhecia este lado brilhante de seu planeta.
Afinal, o cara não escrevia.
Cássio se intitula como “poeta veloz”.
Pra mim, tal como deslocamentos de placas, seu veio poético surgiu lentamente das profundezas submarinas, ganhando forças dia após dia, até emergir em nossa superfície, mostrando-nos brilho e talento, arrebatando nossa espantada admiração.
Pra mim pois, Cássio é “um poeta Vulcão”, (sem concordância mesmo).
E contando com sua permissão, vai aqui um de seus poemas:

“Vida Esporte Clube

Revés da bala perdida
Inda é o dedo que aciona o cão
Cão que ladra e morde, cão sem dono
Aquele que em riste, aponta o indicador
Rasgando um verbo de morte
Determina o porte armado
Ordena a vítima do dia

Veja o homem com essa mania!

Invejando, O, que pode, quer ser Deus
Deus ordenou vida sobre vida!
A minha será abreviada só por ele
Gestos de maestro de meu Pai, me lançaram ao mundo
E pode até ser, que um imundo qualquer,
não percebendo a mão que me guarda
tente, como débil inapto
entreter a cúria do diabo
atentando contra este bem amado.

Sou mais eu. Sou filho do Construtor.

O barro que há em mim
Marca uma virada de massa de todos os elementos
A turba maldita
quer com suas setas e fúria
um sacrifício de algum puro
“... e a flecha que corre ao meio dia”
Segue como sempre foi;
é a calúnia!
Curo e indico a cura
Haja o que houver, faça como Pelé
abrigue no peito o que vier
Mande pro chão
assente sob os pés
hordas de zagueiros malfeitores
Um lance desses, na área do campo da vida
merece um grito de olé.
Arquibancadas repletas de gente
na hora de gritar, gol!!!
Imagens eu tenho na memória...
de estádios lotados...
algum, Mineirão, ou Maracanã ou Coliseu
da verdade, sempre vencendo a mentira
e do Luz Futebol Clube, goleando o Breu".

Meus aplausos Cássio Cunha.
Afonso Rego
Enviado por Afonso Rego em 01/12/2013
Reeditado em 01/12/2013
Código do texto: T4593698
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