a MINHA ENIGMÁTICA E EXUBERANTE SANGHAI

A EXUBERANTE E ENIGMÁTICA XANGHAI

Estou de volta ao passado. É como se um filme de longa metragem estivesse rodando. Como consegui conservar tudo tão intacto em minha memória? Foram segundos, minutos, horas, dias, meses, anos e décadas: tudo registrado passo a passo. Foram minhas altas e baixas, minhas alegrias e tristezas, meus sonhos, fantasias e desilusões.

Parecem que correram céleres, mas em certos períodos representou uma existência, uma eternidade...

Foram momentos, vivências, encontros e desencontros: como o nascer do sol e o seu ocaso. Cada um com sua magia, seu encantamento, suas vibrações positivas entrelaçadas com as negativas, dando assim aquele sabor doce de conquista, de arrebatamento.

Tudo está tão vivo em minha memória. Nada foi esquecido... Tudo será lembrado. Percorrerei os mesmos caminhos. Minhas lembranças e um passado tão distante serão como pétalas de rosa que me irão ser jogadas e eu tranqüilamente, irei recolhendo e colocando na cestinha de palha que fui tecendo no decorrer de décadas. Não vai ser fácil colocá-las uma a uma. Cada uma com seu significado, cada uma contando sua história e cada uma guardada com tanto carinho.

Durante quase um (um) ano, percorri toda China, Índia e Nepal. Assisti a todas as mudanças durante a primavera, verão, outono e inverno. Foi maravilhoso recordar como a natureza se transmuda a cada estação. Na primavera com seus campos floridos, as flores versejando nos jardins, a alegria contagiante de todos aqueles que se confraternizam, alegram-se com o desabrochar das flores.São os pássaros que constroem seus ninhos, numa verdadeira labuta de construtores com suas asas e seus bicos, indo a procura de novos arbustos, árvores, para construírem o refúgio, onde irão alimentar e refugiar seus rebentos. É a lei da natureza, perpetuando a espécie.

Algumas décadas se passaram. Deixei minha terra natal há 30 anos. Ficaram para trás todos meus sonhos de adolescente, toda a magia infinita daquela terra maravilhosa, da minha XANGHAI enigmática. Hoje a vejo exuberante, distinguindo-se no cenário moderno, edificante do solo asiático.

Como está hoje tão diferente! Cresceu, está gigante. Ocupa aquele lugar de destaque, mas eu a vejo como se estivesse há 30 anos vivendo tranqüilamente, sem o corre –corre frenético que o progresso impõe.

É ainda a minha Xangai que desperta sonolenta, mas, que adormece ao som das cantigas de ninar, quando fui embalada pelos lindos e suaves sons do sino do templo ao lado, que todas as manhãs me despertavam e ao cair da tarde,

Anunciavam o belíssimo entardecer.

Quanta saudade! Cresceu, ficou célebre, mas sinto ainda o palpitar dolente daquela cidade abençoada por Deus.

Hoje conta com uma população de mais de 13 (treze) milhões de pessoas, que se acotovelam, num zig-zag frenético de progresso, dinamismo e

prosperidade.

Tem, agora, legiões e legiões de admiradores, sempre sendo visitada. Todos desejam percorrer suas ruas, sorver dos seus encantos, sentar nos seus lindos e magníficos bancos dos templos, reverenciando a bondade e a magnificência do Criador.

Saúdo-a Xanghai dos meus sonhos, da minha adolescência, da minha juventude.

Continuará sendo sempre a Xanghai dos meus sonhos, das minhas fantasias, dos meus arroubos de juventude, das minhas idas dominicais aos templos, de tudo que durante a infância floresce no jardim da vida.

É a magia da saudade, da lembrança, do amor eternizando-se em minha mente, transportando-me como que num tapete mágico para a terra da fantasia, da alegria e do bom viver...

Espero que tudo se eternize e que num pleito de amor sem fim, desejo-lhe, minha cidade, encanto, luz, e todo o esplendor que existe na face da terra.

Quanta fé, espiritualidade vivenciou aqueles que, naquela época, tiveram a felicidade de aqui coabitar.

Parece vermos os seus espíritos em forma de flores pairando no ar, formando aquele tapete multicolorido, serpenteando por todos aqueles cantos e recantos.

E como está a Xanghai turística? Vejo, agora o barco de passeio sobre o rio Huang Pu já bem mais modernizado. Como continua lindo, arborizado o Boulervard Te Bonde, movimentadíssimo e de onde se aprecia a belíssima vista.

Em seguida o passeio deslumbrante pelo Jardim Yu Yuan do século XVI, um labirinto de pavilhões interessantes, dragões de pedra, árvores curvadas e flores. É a mão do homem produzindo com pedra toda a beleza que encontra em sua passagem e eternizando para a posteridade.

Quanta beleza encontra no Museu de Xanghai, onde se destacam os mais de 120.000 objetos em porcelana, bronze, madeira, jade e artesanato. Pode o tempo passar, mas o artesão está lá, com sua arte, seu amor pela profissão, deixando para o futuro o que suas mãos produziram. Já começa o entardecer e teremos que procurar nosso refúgio, pois na manhã seguinte, iremos a Nanjing road.

Grande é minha curiosidade em rever meus amigos de outrora, que estudavam em universidades, cujos edifícios de arquitetura européia e estilo de vida ocidental, eram bem diferente das outras cidades chinesas.

Não posso deixar de enaltecer a bela e também progressista Beijing- Pequim.

É verdadeiramente uma grande metrópole, destacando-se a maior praça do mundo a TIAN SAN SQUARE- a cidade proibida – Porta da Paz Celestial, conhecida também como Museu do Palácio, um complexo de 250 acres, que foi residência de 24 imperadores das dinastias MING E OING e atualmente, apresenta a maior estrutura arquitetônica da China.

Como se volta ao passado, quando no bairro tradicional de Hutong, aos domingos à tarde andávamos de triciclo, o qual durante a semana, era o veículo de locomoção, pois poucos podiam ter carros.

Que momento de religiosidade, quando da visita ao Templo do grande filósofo.

pedagogo e pensador CONFÚCIO.

Foi um excepcional filósofo e muitas gerações estarão absorvendo de seus ensinamentos, mostrando e perpetuando para a humanidade quem foi o imortal Confúcio.

Hoje, o templo está instalado num complexo com mais de 100 (cem ) edificações. E passamos um bom tempo em meditação, pois o local a isto nos motivava.

Ir a China e não visitar a sua muralha é o mesmo que ir a Roma e não ver o Papa.

A Grande Muralha construída em Badaling serpenteia a cidade de leste a oeste por quase 6.400 km.

Esta construção de quase 2600 anos, tem agora acesso teleférico para quem não puder caminhar.

É o benefício da tecnologia a serviço da humanidade. Os chineses muito se orgulham: é uma das sete (7) maravilhas do mundo.

Assim é PEQUIM. Um símbolo majestoso da grande China.

Já me encontro em XIAN, que há 4.000 anos era a capital da China, durante 11 dinastias até o século IX. E assim chegamos ao mundialmente famoso MUSEU DO EXÉRCITO DE TERRACOTA, representando uma grande legião de guerreiros, carruagens e cavalos de bronze, uma das maiores descobertas arqueológicas do mundo ( 1 974)..

Agora, já estamos indo a Hong Kong ( menina dos olhos da China). Está também inteiramente diferente. O homem colocou ali sua mão gigantesca e como numa virada da varinha de condão, transformou a imensa ilha em prédios belíssimos, que parecem emergir de suas águas, agigantando-se num só piscar de olhos. A pitoresca Aberdeen, entretanto, onde centenas de pessoas moram, humildemente, em barcos pesqueiros, míseros num fragrante contraste com a comunidade rica e moderna dos belíssimos edifícios.

É uma festa estar nesta maravilhosa Hong Kong, e uma dádiva pode estar na sua baía a bordo do Victória Harbour, um dos barcos mais sofisticados ali existentes.

E a esta altura onde andarão os velhos amigos? Meus namoricos de adolescência? Muitos tenho a certeza, já subiram para a companhia do

Altíssimo. Onde andarão os que ainda se encontram neste planeta?

Será que ainda posso encontrá-los? Onde andará àquele com olhos pretos, brilhantes, dentes alvos iluminando o sorriso sua pele morena cobrindo suavemente todo o seu corpo, e o seu cabelo negro, ondulado, emoldurando seu rosto.

Onde andará? Será que ainda se recorda do amor puro e singelo que recebeu daquela que nasceu numa rua pequena de Xanghai, e que todas manhãs levava uma cesta de frutas ao orfanato, para seus primos, que numa luta fratricida haviam ficado órfãos? Ela o via e sempre com um sorriso franco e aberto brotava-lhe no rosto, e meio cabisbaixa continuava o trajeto.

Eram adolescentes e uma timidez natural impedia sua aproximação.

Creio que ele já sabia a que horas, diariamente, passava a chinesinha de olhos amendoados, pele clara e cabelos pretos e sedosos e, assim ficava à espera com aquele olhar furtivo de contentamento.

Assim era o seu amor: ele nascido em Kathmandu Nepal e ela a chinesinha de Xanghai.

Caminhos diferentes tiveram que trilhar... Décadas se passaram. Nunca mais o viu. Mas sua lembrança, sua presença física, era sempre bem lembrada.

Quantas e quantas vezes sentia-me absorta, como se estivesse só no meio de uma multidão, e meu pensamento voando para bem longe, naquela Xanghai maravilhosa, enigmática, com suas crenças, sua espiritualidade, e sua força incessante de crescer sempre mais e querer suplantar todas as cidades do mundo.

Estamos no início da primavera. As flores começam a surgir e a neve branca derrete-se com o sol escaldante.O céu é de um azul celeste.

A natureza está em festa. Pássaros constroem seus ninhos. Rios tornam-se mais piscosos.Árvores cobrem-se de frutos.

É a magia frenética da mãe natureza, abençoando todos, nas suas esfuziantes “BOAS VINDAS”

Sente-se e percebe-se a alegria no ar. Respira-se o perfume natural das flores em botão. Compartilha-se com todo nosso ser, esta chegada gloriosa da primavera e todos se curvam diante da dádiva divina de um dia primaveril.

Ouve-se o som melodioso de sinfonias que, com o sopro do vento, embalam os galhos felizes das lindas amoreiras.

Ouve-se, aqui e ali, o trinar incessante do pássaro canoro que num vôo sincronizado de arbusto em arbusto, nos oferece o espetáculo harmonioso de um balé de plumagem.

O sol no poente emitindo seus raios luminosos nos avisa da chegada do anoitecer. Chega ao fim mais um dia de lembranças, saudades, reminiscências.

Tudo está bem diferente.

Tudo havia se transformado. Mas ainda havia resquícios daquele passado longínquo, quando em arroubos primaverís, desejosa de um amanhã radioso, encontrava-a sedenta dos mesmos desejos dos mesmos anseios, das mesmas emoções e da mesma alegria de viver.

Onde ele andará? Parece buscá-lo incessantemente. Sente sua presença, mas não o vê. Escuta seus passos, seguindo os dela, mas olhando em volta, não o encontra.

São devaneios, quimeras que arrastam ao campo florido e magnético da imaginação, preparando sua alma, confortando seu espírito para a presença imaginária de quem quer e ama muito.

São nuvens passageiras que ao sabor do vento, arrastam todos os presságios, todo entusiasmo, para os horizontes claros, esplendorosos da alegria eterna.

E agora, vejo Kathmandu, o coração cosmopolita da região do Himalaia, com sua história refinada de 2000 anos, destacando-se sua cultura.

És uma verdadeira encruzilhada cultural, onde, se diz, que há mais deuses que habitantes. E por tudo isto foi incluída pela Unesco na lista de Patrimônio Mundial em 1979.

Parece ser neste momento a encarnação da deusa menina, a Virgemvestal, que no seu templo de Kumari não pode ser fotografada. E é nessa lembrança da deusa menina, que senti o mesmo quando na minha doce e ingênua infância me foi contado como era escolhida e porque era chamada de VirgemVestal. Devia ter no máximo cinco a seis anos de idade e ficar lá até o dia da chegada de sua puberdade. Era uma escolha rigorosa e os pais sentiam-se agradecidos pela escolha. Que tristeza sentia na época, pois não poderia durante anos conviver com meus pais, meus amigos e sim enclausurada para orações. Adeus as minhas peraltices de criança, adeus aos meus amigos, e adeus aos meus sonhos de menina. Agradeço de ter nunca sido escolhida. E continuando no meu giro de reminiscências, encontro-me na Porta do Ouro, na praça de Dubar, que leva ao Palácio das 55 (cinqüenta e cinco) janelas.

Depois me dirigi ao templo Nyyatapola de (cinco) andares, em estilo pagoda, sendo o mais alto lugar para os peregrinos do Tibet.

Deve-se render homenagem ao Deus Shiva, que junto com seu filho Yaresk, são os deuses mais populares do vale. Assim é KATHMANDU a capital e a cidade sagrada do Nepal. Respira-se religiosidade, e se nota em cada habitante aquele fervor ao Criador do Universo, reverenciando sempre os seus deuses numa demonstração de fé, de crença e de religiosidade.

Entre reminiscências, lembranças e saudades deixo a terra natal daquele que durante anos embalou os sonhos de adolescente, fazendo feliz e que eu pudesse sentir o enlevo do nascer do sol e um arrebatamento quando a noite lentamente ia chegando, fazendo com que miríades de estrelas fizessem caminhos e trilhas de felicidade no céu. Deixo fisicamente, pois nunca esquecerei, por mais que décadas são passadas, por quantas e quantas primaveras tenham sido transcorridas, ficará sempre gravado em minha memória minha longínqua e feliz adolescência.

Já se aproxima o outono. O céu vai pouco a pouco se tornando cinzento. As árvores se desnudam e o cair das folhas fazendo tapetes na relva, é um deslumbramento para nossos olhos. Um vento suave e quase gélido nos prepara para a chegada do inverno, que não tardará. Pássaros voam de galho em galho, e pela sua nudez sem as folhas, temos a visão clara e fantástica da plumagem das aves, que num balé sincronizado fazem arabescos no ar.

Assim continuo a minha peregrinação, a procura daquele que ainda ocupa um lugar privilegiado no meu coração, e que mesmo com o passar de décadas ainda não o esqueci.

Não posso deixar de lembrar o grande Sidarta Gautama (Budha). Seu nome significa aquele que sabe, ou aquele que despertou.

Budha nasceu no século VI a.c em torno de 556, em Kapilavastu, norte da Índia, no atual Nepal.Ele era de linhagem nobre, filho do rei Suddhodana e da rainha Maya. Logo depois de nascido, Sidarta foi levado a um templo para ser apresentado aos sacerdotes, quando um velho sábio chamado Ansita, que havia se retirado a uma vida de meditação longe da cidade, aparece, toma o menino em suas mãos e profetiza: este menino será grande entre os grandes. Será um poderoso rei ou um mestre espiritual, que ajudará a humanidade a se libertar de seus sofrimentos. Suddhodana muito impressionado com a profecia decide que seu filho deve seguir a primeira opção e, para evitar qualquer coisa que pudesse influenciar contrariamente, passa a criar o filho longe de tudo o que lhe pudesse despertar qualquer interesse filosófico e espiritual mais aprofundado e, principalmente mantendo-o longe das misérias e sofrimentos da vida que se abatem sobre o comum dos mortais.

Para isso seu pai faz com que ele viva cercado do mais sofisticado luxo. Aos 16 anos, Sidarta casa-se com sua prima, a bela Yasodhara, que lhe deu seu único filho, RAHULA e passa a vida na corte, desenvolvendo-se intelectual e fisicamente, alheia ao convívio e dos problemas da população de seu país. Mas o jovem príncipe era perspicaz e sempre ouvia os comentários que se faziam a respeito da dura vida fora dos portões do palácio.

Chegou a um ponto em que ele passou a desconfiar do “porquê” de seu estilo de vida, e sua curiosidade ansiava por descobrir o motivo das referências ao mundo de fora, que pareciam ser, às vezes, carregadas de tristeza.Contrariamente à vontade paterna, que tenta forjar um meio de Sidarta não perceber diferença alguma entre seu mundo protegido e o mundo externo, o jovem príncipe, ao atravessar a cidade, se detém diante da realidade da velhice, da doença e da morte. Ele entra em choque e profunda crise existencial. De repente toda a sua vida parecia uma pintura tênue e mentirosa sobre um abismo terrível de dor, sofrimento e perda a que nem mesmo ele estava imune. Sua própria dor o fez voltar-se para o problema do sofrimento humano, cuja solução tornou-se o centro de sua busca espiritual. Ele viu que sua forma de vida atual nunca poderia lhe dar uma resposta ao problema do sofrimento humano, pois era algo artificialmente arranjado. Assim decidiu, aos 29 anos de idade, deixar sua família e seu palácio, para buscar a solução para o que o afligia|: O SOFRIMENTO HUMANO.

Sidarta certa vez, em um dos seus passeios, em que acabara de conhecer os sofrimentos inevitáveis do homem, encontrara-se com um monge mendicante Ele observou que o monge, mesmo vivendo miseravelmente, possuía um olhar sereno, como de quem estava tranqüilo diante dos revezes da vida. Assim quando decidiu ir a busca de sua iluminação, resolveu se juntar a um grupo de brâmanes DEDICADOS A UMA SEVERA VIDA ASCÉTICA. Mas não deu certo. Não é pela mortificação do corpo, que o homem chega à compreensão da vida. Foi então que chegou ao seu conceito de o CAMINHO DO MEIO, buscando uma vida disciplinada o suficiente para ao chegar à completa indulgência dos sentidos, pois, assim, a pessoa passa a ser dominada por preocupações menores sem a autotortura, que turva a consciência e afasta a pessoa do convívio dos seus semelhantes. Ele resolve, então, renunciar ao ascetismo e volta a se alimentar de forma equilibrada.Seus companheiros o abandonam escandalizados. Sozinho novamente Budha procura seguir seu próprio caminho, confiando apenas na própria intuição e procurando se conhecer a si mesmo.Ele procura sentir as coisas, evitando tecer qualquer conceito intelectual excessiva sobre o mundo que o cerca. Ele passa a atrair, então, pessoas que se lhe acercam devido à pureza de sua alma e tranqüilidade de espírito, rompendo drasticamente com a vaidosa e estúpida divisão da sociedade em castas rígidas que separavam incondicionalmente as pessoas a partir do nascimento. Diz à lenda que Budha resolveu meditar sob a proteção de uma figueira. A árvore BODHI. Lá o Demônio, representava simbolicamente o mundo terreno das aparências sempre mutáveis, que Budha se esforçava por superar. Assim, Budha, ou Sidarta, compreendeu que todas as pessoas eram seus irmãos e irmãs, e que estavam enrredados demais em ilusórias certezas para que conseguissem, sozinha, uma orientação para onde deviam ir.Desta forma ele passa adiante seus conhecimentos.

Sidarta transformou-se em Buda, em virtude de umas profundas transformações internas psicológica e espirituais, que alterou toda sua perspectiva de vida. Tendo atingido sua iluminação, Budha passa a ensinar o Dharma, isto é, o caminho que conduzirá à maturação cognitiva e à libertação de boa parte do sofrimento terrestre.

Quando completa 80 (oitenta) anos, Budha sente seu fim terreno se aproximando. Ele morreu em Kusinara, no bosque de Mallas, India. Sete dias depois seu corpo foi cremado e suas cinzas dadas às pessoas em cujas terras ele vivera e onde morrera...Ele assim nos ensinou:

== “A pessoa deve viver no mundo, utilizar-se do mundo, mas não deve se apegar ao mundo”.

É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios; é muito difícil enxergar os próprios defeitos. Espalham-se os defeitos dos outros como palha ao vento, mas escondem-se os próprios erros como um jogador trapaceiro.

Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos.Porventura se colhem figos de espinheiros ou ervas de urtigas? Toda a árvore se conhece pelos frutos.

Seria gratificante se eu tivesse ter vivido na época do grande Budha, para poder sorver de seus ensinamentos, para poder melhor compreender sua alma, e para transmitir a todos que me rodeavam os ensinamentos que ele transmitia.

Rumei para Nova Delhi.

O vento gélido do inverno já nos acompanhava e a neve começava a cair do céu. Pouco a pouco os flocos iam aumentando, formando grande camada para alegria daqueles que adoravam brincar e se rejubilar com a chegada da chuva branca. Quantas e quantas vezes, alheia ao desaprovo de meus pais, fazia também meus bonecos de neve, juntando o que já do céu havia tombado.

Fomos, então, para visita a Mesquita maior da Índia.

Nosso primeiro ato de fé foi à visita a maior mesquita da Índia- Jama Masjid e é em Ray Ghat, onde encontramos uma plataforma quadrada de mármore negro, indicando o lugar onde foi incinerado o corpo do líder MAHATMA GANDHI, após seu assassinato em 1948.Seu nome verdadeiro eraMohandas Karamchard Gandhi, mas era conhecido como Mahatma que significa GRANDE ALMA.

O líder pacifista indiano nasceu em 2/10 de 1869, na província de Bombaim (Índia).

Foram diversos os pensamentos deixados por ele para a humanidade. Destaco = “Não há um único caminho para a felicidade; a felicidade é o caminho. Nenhum ser humano é tão mau que não possa se auto-avaliar. As enfermidades são os resultados não só dos nossos atos como também dos nossos pensamentos”.Ele era chamado de Bapu (Pai). Gandhi tinha por objetivo mostrar que, ao contrário do egoísmo praticado no mundo capitalista, ele queria desenvolver a bondade e o altruísmo, sem querer reformular apenas a lei dos homens, mas mudar a mente dos opositores. Morreu em 30 de janeiro de 1948, quando ia fazer suas orações no jardim, com três tiros no peito, sem ter conseguido completar seu projeto de paz, que era o de unificar as religiões, tendo deixado uma grande lição de vida para a humanidade. A humanidade é cruel. A morte por assassinato a Gandhi, foi uma tragédia irreparável. Não conseguiu como pregava: Unificar as religiões. Foi incompreendido, muitas vezes rejeitado, mas não deixou de legar para toda a humanidade, sua descrença em divisão de casta.

Em seguida visita à tumba de Hymayum, 2o imperador mongol.

Deixei Nova Delhi e rumei para Jaipur, chamada e conhecida como a cidade rosa, em conseqüência de sua areia usada na construção de suas antigas edificações.

Visitei o observatório JANTAR MANTAR, onde se encontra o espetacular relógio do sol com 30 mts de altura, que funciona com exatidão segundo a hora local.

Aqui a tecnologia já era avançada e muito era preparado para vencer os obstáculos do desconhecido.

Após um dia de repousante descanso, não podia deixar de ir a AGRA, que durante os séculos XVI e XVII foi a capital da Índia.

Visitei a cidade abandonada de Tatchpur, construída pelo imperador Akbasr em 1569 e abandonada pela sua escassez de água. Esse imperador motivado pela cobiça de estender mais e mais seus territórios viu sua ambição despencar por precipícios, quando água não continha para saciar a sede de seus habitantes.

Depois, nosso deslumbramento ao visitarmos mais uma das (sete) maravilhas do mundo: O PALÁCIO TAJ MAHAL, totalmente construído em mármore branco, pelo imperador Muntaz Yalan em memória a sua esposa (A Dama de Taj).

Fiquei bastante tempo admirando e dirigindo preces àquela que pelo grande amor que lhe dedicava seu esposo Shah Yahan, mandou que fosse erguido este monumental mausoléu, que é reverenciado por todos pelo pleito de amor dedicado a uma esposa. Sabíamos que o amoroso esposo, depois que sua esposa havia dado o seu 11o filho, e acometida de uma complicação pós-parto, veio a falecer, ele pesaroso mandou construir o mausoléu que até hoje, estão depositados os restos mortais da sua amada companheira e mãe de seus filhos, numa demonstração de carinho eterno.

Andei por tudo. Percorremos todos os lugares da China, Índia e Nepal, na esperança de encontrar aquele que na minha adolescência, nos anos dourados da minha juventude, tanto me havia representado, cujas lembranças ainda conservo bem nítidas em todo no meu santuário de doces e inesquecíveis recordações.

Numa última tentativa de encontrá-lo, de saber como está fisicamente, pois décadas nos haviam separado.

Resolvi percorrer a rua onde ele havia nascido. Quanta tristeza, quanta decepção. Tudo estava diferente. As fisionomias, habitações e, é claro, eu não me dei conta que eu também havia envelhecido.Meus cabelos tornaram-se prateados, minha pele apresentava os sulcos do tempo percorrido, meus olhos já não eram como duas amêndoas nem possuíam o mesmo brilho enternecido.

A natureza é amiga e perfeita. Não deixa que se veja e se sinta o passar dos dias, das horas. Tudo passa e nós também. Passa o inverno. Chega o verão. De mansinho vem chegando à primavera, com suas tardes ensolaradas, seu céu de um azul celeste, do ouvir o canto mavioso do pássaro canoro, do enlevo primaveril para todos que agradecem ao Altíssimo a chegada da estação das flores.

Com o lindo indiano deveria ter acontecido o mesmo.Não o encontrei e ninguém sabia do seu paradeiro. Será que ainda estava vivo? Lembro e sempre lembrarei do seu lindo sorriso, do seu olhar profundo e penetrante de toda sua magia de amar.A Índia atravessou tantos períodos difíceis: Guerras, enchentes.Poderia já estar morto.Quem sabe pertenceu a alguma fileira do exército indiano? Procurei em vão e foi frustrante a tentativa de encontrá-lo, mas conservarei sempre em minha memória como ele era e o considerava meu príncipe encantado.

Passei pelas quatro estações do ano, nesse período da procura do meu lindo indiano. Sorvi como se fosse ainda uma linda adolescente, dos encantos que a natureza me oferecia. E a minha enigmática e exuberante Xangai continua lá, sim, guardando dentro dos seus muros, de seus edifícios, tudo e todos que lá ainda habitam e num pleito de admiração, reverenciando àqueles que jamais se esqueceram dela e dos sonhos vividos numa adolescência longínqua.

Talvez por um destino já traçado, não encontrei o meu lindo e jovem indiano, de olhos pretos, sorriso largo e afetuoso, de pele morena tostada pelo sol.

Ficará sempre em minha lembrança, como se há décadas ainda estivesse vivenciando: guardarei sua imagem sempre em minha memória e jamais será apagada, por mais que o tempo corra, por mais que caminhos diversos ele e eu cheguemos a trilhar.Ele será sempre o meu lindo e inesquecível Indiano.

Hanid
Enviado por Hanid em 20/04/2007
Código do texto: T457856
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