O estranho amor chamado amizade.
Lembro desde o primeiro dia em que ele chegou em nossa casa,eu deveria ter uns seis anos de idade quando um vizinho nosso o trouce ,era um vira-lata amarelo com o foucinho preto,lembro que ele chorava a noite inteira,era muito difícil naquela época,mas apesar de pequeno, Dodi já mostrava ser um cachorro muito valente.Pois lembro de um dia em que eu estava sentado no portão de casa junto com minha mãe,olhávamos a rua(umas das lembranças mais gostosas que tenho de minha já falecida mãe),quando se aproximou de nós quatro cachorros,que para mim pareciam enormes,e numa fração de segundos Dodi, que estava atrás de nós saiu correndo pela rua e botou os quatros cachorros para corre
Boas lembranças de meu amigo;ele sempre dançava com minha querida vó na cozinha de nossa casa ao som de" Martinho da vila",um dia teve uma briga feia em nossa casa com uns tios meus, e o Dodi com o seu instinto protetor veio correndo e pôs as patas em minha barriga ficando em pé em minha frente,ninguém chegava perto de mim.
Até que os dias foram passando,e com isso fui percebendo que o Dodi estava muito triste e não saia de perto da cama de minha mãe,acho que ele já sentia o que estava por vir,pois dizem que os animais sentem quando uma pessoa vai morrer,ele ficou lá até o dia em que minha mãe foi para o hospital para não mas voltar.Confesso que foi um dos piores períodos de minha vida.
Eu andava muito triste,mas o Dodi sempre vinha brincar comigo,ele verdadeiramente cuidava de mim,pois quando somos crianças muitas vezes os adultos não sabem o que fazer em certas situações.
Os dias foram passando, mas a tristeza reinava em nossa casa,até que um dia minha vó decidiu que íamos nos mudar,pois ela não aquentava mais ficar naquela casa,em que minha mãe havia passado os últimos dias.
No dia, tivemos que nos mudar a noite,pois minha vó era tão querida que os vizinhos não queria que nos mudássemos .O Dodi foi no baú do caminhão,coitado estava tão assustado que chorou a viagem inteira,quando chegamos em nosso novo endereço, tínhamos um quintal grande e quando ele desceu do caminhão foi uma alegria só,parecia até criança,ficou correndo por todo o quintal a tarde toda.
Com o passar dos dias, nós todos fomos nos acostumando com nossa realidade.Depois da morte de minha mãe, quem fez este majestoso papel foi minha querida vó,que aliais foi mais que mãe,mas ela trabalhava muito para nos sustentar o Dodi sempre estava lá mesmo quando estávamos só ou com babás,alias tivemos algumas, mas só uma deu certo ,mas isso é outra estória.
Mas uma noite o Dodi estava na rua,tinha fugido como fazia todos os dias para namorar,e acabou brigando com outro cachorro,botou ele para correr,e em sua perseguição entrou por baixo de um portão de ferro,que em sua base estava enferrujado e com pontas,ele acabou furando o olho esquerdo,foi um desespero só.
Sua recuperação foi demorada,o meu melhor amigo estava cego de um olho.Mas o vira lata era muito esperto e de certa forma acho que ele superou sua deficiência e continuou sendo o melhor cachorro do mundo;agora mais adorado por mim,e um melhor cão de guarda.Os vizinho diziam que ele era traiçoeiro pois quando vinha alguém em minha casa,ele deixava entrar sem nenhum problema,mas na hora de ir embora ele corria e tentava pegar no calcanhar.
A última vez que o vi,foi antes de ir para casa de meus avós paternos,ele me olhou fez festa,brincou comigo,parecia até que sabia que era a ultima vez que nos víamos,um dia na casa de minha vó passando férias o telefone tocou,era minha vó que me disse a seguinte frase:Sinto muito Dodi morreu.