HOMENAGEM AO INESQUECÍVEL POETA VINÍCIUS DE MORAES

NESTA DATA EM QUE, O INESQUECÍVEL, VINÍCIUS DE MORAES COMPLETARIA 100 ANOS DE IDADE, NÃO SERIA EU QUEM PERDERIA A OPORTUNIDADE DE HOMENAGEÁ-LO, UM DE MEUS PREFERIDOS, GRANDE POETA, COMPOSITOR E CANTOR QUE TIVE A HONRA E O IMENSO PRAZER DE CONHECER, PESSOALMENTE, QUANDO EU, MUITO JOVEM AINDA, ERA OFICIAL DA MARINHA MERCANTE E ELE CÔNSUL DO BRASIL, VISITOU, À SERVIÇO, NOSSO NAVIO, EM LE HAVRE - FRANÇA NOS HONRANDO COM SUA PRESENÇA, HUMILDADE E DELICADEZA.

RELEMBRO-O COM O SOFRIDO POEMA "PÁTRIA MINHA", POR ISSO MESMO, UM DOS MAIS BELOS DESSE POETA GENIAL, QUANDO, NO EXÍLIO, CUMPRIA PUNIÇÃO QUE LHE FOI IMPOSTA PELA DITADURA.

QUE DEUS O TENHA AMIGO! SEU ETERNO ADMIRADOR. jan

Pátria Minha

Poema escrito por Vinicius de Moraes

A minha pátria é como se não fosse, é íntima

Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo

É minha pátria. Por isso, no exílio

Assistindo dormir meu filho

Choro de saudades de minha pátria.

Se me perguntarem o que é a minha pátria direi:

Não sei. De fato, não sei

Como, por que e quando a minha pátria

Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água

Que elaboram e liquefazem a minha mágoa

Em longas lágrimas amargas.

Vontade de beijar os olhos de minha pátria

De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos...

Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias

De minha pátria, de minha pátria sem sapatos

E sem meias pátria minha

Tão pobrinha!

Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho

Pátria, eu semente que nasci do vento

Eu que não vou e não venho, eu que permaneço

Em contato com a dor do tempo, eu elemento

De ligação entre a ação o pensamento

Eu fio invisível no espaço de todo adeus

Eu, o sem Deus!

Tenho-te, no entanto em mim como um gemido

De flor; tenho-te como um amor morrido

A quem se jurou; tenho-te como uma fé

Sem dogma; tenho-te em tudo em que não me sinto a jeito

Nesta sala estrangeira com lareira

E sem pé-direito.

Ah, pátria minha, lembra-me uma noite no Maine, Nova Inglaterra

Quando tudo passou a ser infinito e nada terra

E eu vi alfa e beta de Centauro escalarem o monte até o céu

Muitos me surpreenderam parado no campo sem luz

À espera de ver surgir a Cruz do Sul

Que eu sabia, mas amanheceu...

Fonte de mel, bicho triste, pátria minha

Amada, idolatrada, salve, salve!

Que mais doce esperança acorrentada

O não poder dizer-te: aguarda...

Não tardo!

Quero rever-te, pátria minha, e para

Rever-te me esqueci de tudo

Fui cego, estropiado, surdo, mudo

Vi minha humilde morte cara a cara

Rasguei poemas, mulheres, horizontes

Fiquei simples, sem fontes.

Pátria minha... A minha pátria não é florão, nem ostenta

Lábaro não; a minha pátria é desolação

De caminhos, a minha pátria é terra sedenta

E praia branca; a minha pátria é o grande rio secular

Que bebe nuvem, come terra

E urina mar.

Mais do que a mais garrida a minha pátria tem

Uma quentura, um querer bem, um bem

Um libertas quae sera tamem

Que um dia traduzi num exame escrito:

Liberta que serás também

E repito!

Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa

Que brinca em teus cabelos e te alisa

Pátria minha, e perfuma o teu chão...

Que vontade de adormecer-me

Entre teus doces montes, pátria minha

Atento à fome em tuas entranhas

E ao batuque em teu coração.

Não te direi o nome, pátria minha

Teu nome é pátria amada, é patriazinha

Não rima com mãe gentil

Vives em mim como uma filha, que és

Uma ilha de ternura: a Ilha

Brasil, talvez.

Agora chamarei a amiga cotovia

E pedirei que peça ao rouxinol do dia

Que peça ao sabiá

Para levar-te presto este avigrama:

"Pátria minha, saudades de quem te ama...”

DESCULPA-ME POETA!

APÓS LER-TE, AGORA SEI QUE NADA SEI!

(escrito por jan)

Conheci Vinícius,

em Le Havre, na França.

lá, ele cônsul da minha Pátria,

eu oficial da Marinha Mercante

e o melhor da minha lembrança.

Aqui, poeta do “Pátria minha”.

escrito, longe do seu solo, ainda no exílio,

por quem chorava, ao lado do filho.

Poema do chamado "poetinha",

(pelo povo, como pode?)

Codinome que se contradiz

e nem por carinho se explica,

para quem a ele se aplica.

Isso é uma grande falta de respeito,

com quem para todos abriu seu peito,

toda sua alma e todo o seu coração.

Por quem, por seu país, sua mágoa chorou,

além de lhe doar o melhor da sua emoção

que de longe, sedenta em seus versos, brotou

e toda a saudade que o machucou.

Dele e de sua amada, no isolamento,

esse Homem cantou todo o seu tormento,

distante de seu país, no vazio do longo exílio,

longe da Pátria, meu e seu grande amor,

completamente sozinho, naquele frio,

Sem poder em sua “Ipanema”,

sentir seu sol e de seus amigos. o calor,

em sua praia querida, em frente a rua,

(que hoje leva o seu nome)

onde, no bar que frequentava, anos depois,

aquela “garota” compôs

(que mulher foi mais cantada?)

todos agora, sabemos, sua musa preferida...

Vendo-te e ouvindo-te, eu me rendo!

Agora, sei que não sou poeta, te lendo,

nem sequer pseudo esteta, compreendo.

Desculpa-me, grande poeta, conterrâneo,

minha ousadia, poeta meu, meu predileto!

Dos brasileiros, o que mais respeito,

Prometo-te, querido, nunca mais escrevo!

Minhas pseudo poesias, deixá-las-ei no leito.

escondidas, adormecidas, envergonhado

ou enterrá-las-ei em meus devaneios...

Amigos jamais repitam de novo,

cada um tem seu estilo!

Poeta não tem estilo, tem inspiração,

para poder voar nas asas da quimera

com todo sentimento e muita emoção

como a de Vinícius em sua paixão pela Nação.

Ah, como eu quisera!

jlc
Enviado por jlc em 19/10/2013
Reeditado em 21/10/2013
Código do texto: T4532483
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