Quem Será ?

Desenhou sua vida nos bosques de cheiro de flor, fez seus desejos em vestidos em que nunca pode estar...

Nasceu menina de trapo com cabeça de lança atirada a esmo de tanta certeza onde chegar...

Cresceu sonhando nas árvores de chuvas testemunhas, suas, nuas, casas em tardes do tempo que a tudo consome e onde entardeciam pouca gente que vale a pena...

Consumiu seus verbos errados com estranhos de amor ocados, viu sua língua amarga nos espelhos falsos, cavados no sorriso dos prometedores macios de mentiras...

Achou cedo o que não procurava e quase perdeu o rumo da prosa no nascimento do amor de varal a cuidar tão rápido do alívio que seca ao sol. Panos poucos, sem luxo, anos esturricados ao vento que trazia esperança sem remédio...

Ia desistir do norte quando em sorte de papel e poesia calou no tolo sua marca triunfal. Vanguarda de luas se entregando ao mar que a morte nunca experimenta um fim. Acho que essa morte se entregou ao luar... Simples assim...

Ei marruá ! Põe música velha daqueles meninos da garagem londrina, escolhe o tema, saca do armário fingindo adega aquela taça embaçada por lágrimas secas que não fendem mais, sai dessa história no beijo do vinho, faça par em meu choro de criança que derramo agora...

Seja assim como sempre. A menina das cordas nos cabelos lindos que não pode ser mais minha a não ser quem em mim toda seja.

Marcos de Castro Palma
Enviado por Marcos de Castro Palma em 17/10/2013
Reeditado em 17/10/2013
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