Minha primeira professora.

Ainda me lembro do tempo em que saíamos de casa, todos eufóricos para ir a escola.
Primeiro dia de aula, dia de festa!
Caderno novo, lápis, o ABC e a Aritmética. Levávamos com o maior carinho dentro de uma sacolinha de plástico onde o zíper era um cordãozinho que puxávamos para fechar. Sabe aquele saquinho das sandálias havaianas? Pois é esse mesmo. Era a nossa mochila da moda.
Nosso uniforme bem limpinho, meia até o joelho. Exigência de nossa mãe. Mãe caprichava em casa e professora na escola, e assim as duas iam nos conduzindo para um mundo melhor.
Não tínhamos lancheira, o nosso lanche ia junto com o ABC mesmo, não tínhamos porta lápis, não tínhamos caixa de lápis de cor , nem de 6, nem de 12, nem de 1.
Mas naquela sacolinha plástica tinha muito. Tinha a alegria de ir a escola, tinha o prazer de conhecer a nossa primeira professora, tinha a vontade de mostrar a tarefa de casa, tinha muitas histórias. Histórias como esta que estou narrando aqui.
Naquela sacolinha que ia e voltava todos dias da escola, levava e trazia sonhos. Sonhos de realizar o que somos hoje.
O percurso que fazíamos para ir na escola era uma aventura, imagina um riacho e um coqueiro atravessado servindo de ponte.
Era ou não era uma aventura?
Hoje os carros pegam as crianças na suas casas e mesmo assim muitas ainda não querem ir.
Por que aquele entusiasmo que tínhamos antes de ir a escola está desaparecendo nas crianças de hoje?
A nossa primeira professora era como se fosse nossa segunda mãe. Era sim. Foi ela quem segurou na nossa mão e ensinou a fazermos as primeiras letrinhas. Lembra?
Foi ela quem nos ensinou a contar. Foi ela que despertou em nós a vontade de aprender.
Quando chegávamos em casa, depois do café, sentávamos à mesa para dar seguimento ao que ela tinha nos ensinado. Caprichávamos na nossa tarefa, para no outro dia mostrar com um orgulho enorme àquela que nos ajudou a ser o que somos hoje. Ir na escola, pra gente era um momento de alegria.
Onde foi parar o prazer de ir na escola?
As expressões que se ouve hoje são: “Afff ir pra escola de novo!” “Será que tem feriado esse mês?” “ Ih mãe deixa eu dormir mais um pouquinho”. “Acho que não vou na escola , to com dor de barriga.”
É desse jeito. Mas logo logo está com o tablet na mão. A dor desaparece como que por encanto.
No nosso tempo não tinha tablet, lembro que no nosso tempo tinha era uma bela palmatória. Ah! Como me lembro...
Talvez as crianças de hoje precisem, não de uma palmatória, mas de um riacho com um coqueiro servindo de ponte, pra que a ida na escola se torne uma aventura.
Quem sabe!
Minha homenagem a minha primeira professora Rita e tantos outros professores que me levaram nessa aventura de aprender e ser o que sou hoje.



 
Élia Couto Macêdo
Enviado por Élia Couto Macêdo em 14/10/2013
Reeditado em 15/10/2016
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