Alguém me falou que ele um dia voltou.
Que pena...
Eu estava aqui tão perto e não vi.
Queria muito tê-lo visto sendo um dos primeiros,
E ter lhe dado um forte e fraternal abraço.
Daqueles que damos no nosso velho pai,
Ou num amigo de fé, depois de muitos janeiros.
Queria ter gritado bem alto e ter anunciado:
Acorda Brasília... Ele voltou!
Eis aqui o seu criador.
Ele voltou.
Voltou como nunca deveria ter voltado;
Voltou humilhado, escondido, amargurado;
Voltou num velho caminhão de um amigo, emprestado.
Não sei se sorriu por ver seu sonho concretizado,
Ou se chorou, por ter sido do seu país exilado.
É, talvez tenha chorado baixinho, calado.
Ele não podia ser visto, notado.
Estava proibido de voltar e rever
A sua Capital da Esperança,
Que idealizou e a fez nascer.
É, ele voltou.
Dizem que estava indo para a cidade de Formosa,
Será?
Brasília, será que ele não queria só te espiar lá dê cima,
E saber se estavam cuidando bem de Você?
Após uma pane no seu avião,
No Aeroporto de Brasília não o deixaram pousar.
Que ironia! Não sei se do destino,
Hoje, o mesmo Aeroporto tem o nome JK.
Certamente, tal insanidade fosse para que ele pudesse cair,
Mas para desespero dos seus algozes que esperavam seu fim.
A aeronave aterrissou na fazenda de um amigo,
Na cidade de Unaí.
Acredito que mais uma vez ele deva ter chorado,
Não, tiranos, não mudam o curso de um ser predestinado!
Aceitando o convite de um amigo que sabia da sua predileção,
Partiram da Cidade de Unaí, sobre um velho caminhão.
Pois, opressores jamais tiram de um líder a sua convicção.
Em meio à oculta visita, adentraram na Avenida W-3
Comentando detalhes mantidos na mesma forma de antes.
Sutilmente, falaram sobre a Cidade Livre, "Núcleo Bandeirante."
Orgulhoso dos valentes Candangos e dos amigos que fez,
Não encontraram o local do histórico Cine Cultura,
E o percurso na Avenida fizeram outra vez.
Seguidamente passou pelo Eixo Monumental,
Tecendo saudosos comentários com o amigo,
Sobre o inicio da Capital.
Passou pela Rodoviária e entrou na Catedral,
Cabisbaixo, certamente deve ter orado agradecendo a Deus como sempre fazia, de forma original.
Contam que ao sair a alguém perguntou,
Se a catedral por vezes enchia.
E em meio à resposta evasiva profetizou,
Que num futuro não muito distante.
Ela seria superlotada o bastante pelo povo brasileiro,
Que num misto de tristeza, orgulho, saudade e dor,
Consternaria todo o País em demonstração de amor.
Recôndito em sua visita,
Ele passou pela Esplanada dos Ministérios.
E na Praça dos Três Poderes parou...
Sorriu para a Bandeira Brasileira no alto,
Deu milho aos pombos, em meio ao STF e o Palácio do Planalto.
Planalto em que muitas vezes vislumbrou nosso progresso;
Planalto, cume nacional;
Planalto do parlatório onde fez seu último discurso seleto; falando a Nação e aos eleitos do Congresso!
Enfim, chegaram ao Palácio da Alvorada
Onde demonstrando um carinho especial,
Falou ao amigo sobre sua segunda morada,
O Catetinho, sua primeira morada Oficial.
Lugar que, para todos nós, significa o marco inicial,
O início da história que fez de Brasília, dentre todas, a mais linda e amada Capital.
Ele voltou!
E depois de tanto nos dar de si de forma paternal,
Foi ceifado, abruptamente, em um acidente fatal.
Ele, Diamantina nos doou para ficar!
E hoje, junto ao Marco da Cruz, podemos lhe encontrar,
No justo e merecido memorial denominado JK.