PABLO NERUDA
PABLO NERUDA - V
Não te quero senão porque te quero,
e de querer-te a não te querer chego,
e de esperar-te quando não te espero,
passa o meu coração do frio ao fogo.
Quero-te só porque a ti te quero,
Odeio-te sem fim e odiando te rogo,
e a medida do meu amor viajante,
é não te ver e amar-te,
como um cego.
Tal vez consumirá a luz de Janeiro,
seu raio cruel meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego,
nesta história só eu me morro,
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero amor,
a sangue e fogo.
TAMBÉM EU – (INTERAÇÂO – usando as mesmas palavras, basicamente)
Também assim de tanto querer-te,
o não te querer, chega-se a mim,
senão por que te quero e a ti espero,
passa do frio ao fogo o meu coração.
Porque a ti te quero; quero somente a ti,
Sem fim, odeio-te, ao tempo que te rogo,
e o meu amor viajante mede-se,
pela cegueira, de não te ver,
e ainda assim, amar-te.
Tal vez a luz de janeiro, em raio cruel,
Consumirá por inteiro, meu coração,
E a chave do sossego, vem roubar-me,
e só eu me morro nesta dita história,
Porque te quero, e de amor morrerei,
De amor morrerei, por ti,
Por a ti querer a sangue e fogo.