MIA GIOCONDA

Em cada casa há de ter um, às vezes dois, às vezes três, mas, às vezes sem nenhum,...só que ai fica um buraco, um vazio da inocência da pureza da criança que tem pelo e às vezes mia, às vezes late e o rabo abana pro seus papais que tanto ama.
Você pode pensar que deles é só o dono, mas para eles é diferente, o que sentem não se explica, pode ser instinto ou obediência, em seus olhinhos alegres o que se vê, é que fazem parte da família.
Fidelidade para eles é mais que um nome, é seu lema e sua essência, respiram o dono a todo o instante, mesmo não tendo a atenção devida.
Pois sua vontade é se doar, sem cobranças desmedidas, basta um simples assoviar, um aceno uma corrida, de felicidade se contagia por um afago na cabeça ou um carinho na barriga.

Da meiga Meg a linda Vicky,
do discreto Pickes a inquieta Nala,
dois são cães e dois são gatos,
cada par em suas casas,
duas duplas encantadas,
bagunceiras e carinhosas.

Mas tem mais gente nesta história, com lugar destacado e especial, a acham estranha e diferente, o certo que não sei se late ou mia, mas dizer a mim que ela é feia, não imagina quão grande é a briga.
Quando a vi foi por acaso, nem era esta a ideia, em uma jaulinha ela estava e lá tinha uma enorme companhia.
Muito grande ela era, o dobro de seu tamanho a outra tinha, mas valente a pequena fera, na maior ela batia.
Por curiosidade me aproximei, queria ver aquela diferente misturinha, mas a raça pouco importava, pois na palma da mão ela cabia, neste instante soube que eu seria dela e para sempre ela era minha.
Dali em diante foi uma saga, aos poucos ela crescia, na medida em que o amor por mim aumentava, a todos os outros ela mordia.
E assim foi por muito tempo, dela todos tinham medo, seus dentinhos afiados, provaram o sabor de cada um, da bebê que engatinhava até a vovó que nem ligava.
Mas o tempo passou voando, são mais de dez anos ou até doze, não, não, não,...quase quatorze, e muita coisa juntos fizemos, praia, campo e pescaria.
Ainda lembro que seu mais gostoso sono sempre foi em meu colo, momento em que se entregava e sossegava a atenção, mas ai daquele que ao aproximar-se a acorda-se, era esperar pelo certeiro ataque, cuidava de seu espaço e daquele qual a mão a alimentava, sim, assim foi criada, em minha mão ela comia e só assim gostava e preferia.
Hoje ela está velinha e fraca seu apetite já não é o mesmo, a ferinha tá mais mansa ainda morde se for preciso, mas mesmo a ração não parece tão gostosa aos seus olhinhos esbugalhados e sempre saltados, escutar também é um problema se orienta mais pelo olfato sentindo o cheirinho de quem ama.
Sua saúde está debilitada, são tantos probleminhas que se somam e há muito tempo ela enfrenta, mas a valentia sempre a fez muito guerreira e resiste fortemente sem se entregar, mas uma hora vai chegar ao seu limite eu bem sei, e se na época eu não conseguir falar e minha voz se embargar tenha certeza que entre soluços lamentarei.
Tem nome composto e até sobrenome, mas carinhosamente com apelido eu batizei, são apenas duas silabas que aprendi a gostar para alguns de forma exagerada, mas só para aqueles que não souberem que muito maior foi tudo que ela me deu.
Atende por Gigi ou Gilico, também chamada Gigilico, mas para sempre serás única, minha fiel e querida Maria Gioconda.