Amizade
O inesperado é sempre eterno e permanente, principalmente no relacionamento humano.
A simplicidade da vida está nas atitudes raras e sutis.
O pouco somente é significativo quando representa o muito.
A parte somente o é, quando possui a extensão necessária que lhe identifica o todo.
E a penumbra, a sombra e as trevas apesar de torpes, revelam a intensidade da luz.
As tempestades iniciam com pequenas gotas de orvalho na noite, mas acabam nas planícies mansas, amplas e tranquilas, sob os raios de sol pelas manhãs...
Assim a amizade começa com uma gotícula de aceno, um pequeno "oi!" e depois percorre um rio de interesses e enche um mar de aproximação. Vence o vazio e a solidão. Estreita o magnetismo dos seres...
Mas às vezes a amizade aparece como reminiscências. Parece que já se viu antes. Uma sinergia instantânea que adormecida, acorda de sobressalto num sonho real.
E aí, não tem mais volta: somos pegos pelos mistérios da alma...
E então não é preciso telefonar para ouvir a voz.
Não é preciso pensar para se estar juntos.
Não é preciso afinar para ficar no mesmo diapasão.
Não é preciso desejar para se obter.
Não é preciso sonhar para se realizar.
O céu e terra se curvam sobre o ombro do horizonte e não existem barreiras, nem oceanos que separem amizades verdadeiras.
(dfholanda, aclimação, 20 março 2010)