Poderia escrever uma poesia em sua homenagem, eis que se celebra, como todos os anos, o "DIA DOS PAIS", muito embora sempre tenha manifestado minha estranheza quanto à desses dias com data marcada, por entender que Pai, Mãe, devem ser homenageados sempre.
Mas seria um espaço muito pequeno para traduzir todos os meus sentimentos, lembranças e tudo que você representou e representa para mim!
As lembranças do pouco tempo que ficamos juntos continuam claras, vivas , e ainda mexendo com meu coração.
E, aqui, pensando na partida dos que eram o reflexo de mim, pontos referenciais de minha vida, uma saudade que ganhou moradia, cresceu como um gigante, pedindo para ser traduzida em palavras!
E você, meu pai, amigo, companheiro, foi a primeira bússola a orientar meus passos no caminho do crescimento, tanto físico como espiritual.
E a memória dos tempos vivenciados ao seu lado, retorna sem vazios, vácuos.
Da minha infância feliz,  residindo na cidade de Fortaleza, pequena, mas já denominada  "CIDADE DO SOL", quando , ao chegar do trabalho, sentava-se ao meu lado, com toda a paciência, para me ensinar aritimética, matéria que considerada minha inimiga, por me causar grandes dificuldades de entendimento.
Dos períodos de férias, janeiro e julho, na Praia do Mucuripe, local que, para se ter acesso, era necessário um jipe que nos levava até um determinado ponto, e depois seguiamos à pe, até a casa  à beira do mar, que alugava, junto com um primo, lugar livre para nossas brincadeiras e traquinagens, e ponto de encontro de toda a familia nos finais de semana. Do aconchego de seu colo, para onde corria sempre, independente de quaisquer problemas, porque nele me sentia segura, serena, até me convencer que criança não deveria estar sempre ao lado dos adultos, mas curtir com outras a areia, os passeios nas pedras, o mar azul e brilhante.
Da minha adolescência decorrida com muitas festas, reuniões de familia, em nosso apartamento, já na cidade do Rio de janeiro,  nas datas festivas, dos papos equilibrados e cuidadosos sobre namorados, e a necessidade de eleição certa com relação às qualidades que deveria atentar quanto ao futudo marido. Sobre estudos, não havia necessidade de alertas, pois sabia que eu, à época, já havia determinado-me a ter uma profissão e a ele me dedicava com afinco.
De sua ansiedade com relação ao vestibular para a carreira de Direito, acordando cedo, comprando jornal, para ver os resultados do concurso.
De sua alegria e orgulho, ao ver meu nome incluido dentre aqueles que lograram êxito na empreitada, acordando-me e me parabenizando com abraço forte e apertado, com lágrimas nos olhos.
Da minha formatura, depois de (cinco) anos acordando cedo, pegando ônibus até às barcas, para chegar a Faculdade de Direito em Niterói.
Do meu primeiro estágio e primeiro emprego em escritórios de advocacia, por você conseguidos com a ajuda de amigos, já que, à época, recebia-se o diploma, mas sem qualquer experiência de fato nessa atividade, levando-se na bagagem somente o conhecimento doutrinário, o que não ajudava muito na busca de trabalhos, ainda mais sendo mulher!
De nossas idas, de táxi, juntos, todos os dias, para o trabalho, deixando-o no seu e prosseguindo para o meu, ambos situados na mesma avenida.
Da última conversa que tivemos nesse trajeto, sobre seu estado de saúde, sua preocupação com minha mãe e filhos mais novos, já que pressentia que logo partiria.
Da sua confiança na minha garra e vontade de vencer, e de, em seu lugar, cuidar de assuntos que considerava importantes.
De sua partida, aos 58(cinquenta e oito)de idade, pouco tempo antes de se aposentar,  após um sofrimento intenso que perdurou pelo período de 3(tres) meses, sempre com a minha vigília, de minha mãe, de meus irmãos, todos passando, praticamente, a residir no hospital com a cumplicidade das freirinhas amigas  e queridas.
E você se foi! Cumpriu, com êxito, sua programação feita antes de reencarnar, não tendo a oportunidade de, fisicamente, conhecer o genro, algumas noras, a maioria dos netos e não posso dizer bisnetos, porque a idade muito avançada assim não o permitiria.
E a dor foi imensa, curada pelo tempo, pelo convívio amigo e solidário da familia. Mas a saudade permanece sem quaisquer mitigações.
E, nesse dia dito especial, ela vem mais forte e dorida, porque não se pode fugir das notícias festivas e nem olvidar da importância que ele possui para todos.
Saiba meu pai amado,amigo, parceiro, companheiro,  no lugar muito elevado que sei encontrar-se, que meu amor por você rompe todas as barreiras de tempo e espaço, e que, um dia, não sei quando, ocorrerá o nosso encontro, com a presença de minha mãe, meu companheiro, e outros entes queridos, e poderemos retomar os abraços, os papos, a cumplidade e assim:
DIZER ADEUS À SAUDADE!
 
 
Nara Pamplona
 
10/06/2013