Nilton Salvador, um escritor com vida de autista e junções de puro amor...
quarta-feira, 21 de agosto de 2013
silvânia mendonça almeida margarida
Conheci Nilton há 15 anos. Eu e meu filho André Luís Rian. Nós compartilhávamos na Esauluz mensagens de otimismo e carinho. Até hoje a Esauluz é uma comunidade que vislumbra o mais alto astral da espiritualidade em favor do autismo, principalmente pela irmandade do Cristiano e outros amigos. Numa primeira instância, eu, a recém-mãe do autismo, medrosa e acanhada, pelo o que estava por vir, leu a corajosa história de Germano (Eros Daniel) e a saga do desconhecido, no livro Vida de Autista. Um presente da minha querida amiga Arlete. O autismo é assim, ele tem este dom. O que o autismo tira dos nossos filhos, ele também oferece em outra face. A outra face do autismo transborda. Transborda em experiências quando encontramos pessoas como Salvador. O nome do escritor até combina. Salvador me apresentou Hermínio de Miranda e sua filosofia de vida espiritual. Comprei em Petrópolis o seu livro sobre os autistas, nossos anjos espirituais. Na sua saga do desconhecido Nilton me ensinou muitas coisas. Escritores e poetas registram impressões para abrigar os nossos destinos e o autismo traz amizades verdadeiras, embora geograficamente distantes, mas que se unem na mesma dor, e, por que não dizer, vigor.
Para Nilton Salvador, a chama incandescente das suas palavras, dos seus ensinamentos, das suas expressões, chama pais e mães ligados ao autismo para uma trilha maior do conhecimento, do estudo, da experiência. Afinal de contas, nossos filhos “cresceram” e junto, lá, para nos apoiar irrestritamente, estava Nilton Salvador.
Por isto, o seu último livro é seu marco de oferecimento, de singeleza, de uma gama de informações palpável da realidade do nosso dia a dia. Quem lê “Vida de Autista... E eles cresceram” sabe precisamente a que me refiro. O livro está dividido em depoimentos, textos terapêuticos e, inclusive, a tão sonhada lei do autismo, tendo como um dos precursores o próprio escritor. A linguagem desse singelo escritor tem a função inata que permite ao ser humano a simbolização do seu pensamento e a decodificação desse e do outro, facilitando a percepção da realidade do autismo, da troca de experiências e conhecimentos.
Vem com a escrita do recente livro depoimentos singelos de mães que já estão acuradas no processo de socialização do autismo. À medida que Nilton estimula o ambiente do autismo, ele adequa as narrativas e transforma as pequenas histórias em associações diferentes entre as áreas sensitivas, perceptivas e motoras do conhecimento do autismo. Além disso, o leitor sente que se unindo a outros fica mais forte e tem possibilidades maiores de sobrevivência e aprendizagem. Existem muitas pessoas que estão começando agora a lidar com o autismo e merecem ler este livro. Espero sinceramente que o façam.
Neste longo trajeto, Nilton Salvador começa a criar ferramentas que prolongam e melhoram suas possibilidades de atuação no citado livro e nos outros que, com certeza, virão. As funções bio-psico-social-culturais e espirituais (termo do próprio escritor) do autismo começam a se desenvolver mais ainda e se notam que “ferramentas de amor” surgem com a linguagem límpida, cristalina, meiga que passa durante o tempo de escrita. E, como explica na Estética da Recepção da Leitura: o leitor cresce com a sua própria leitura e traduz tudo o que ihe indica ser necessário para entender que o autismo é uma linda experiência de aprendizagem.
Nunca vi o escritor pessoalmente, nem a sua amada família, principalmente D. Roseli, mas ele está nas nossas vidas, nos nossos blogs e na nossa página do Facebook. Por tudo e muito mais, as almas dos nossos filhos autistas se encontram e completam. Sabemos disto!