UM QUÊ DE NOSTALGIA

Livro HELENA autor MACHADO DE

ASSIS página 50 parágrafos 6 e 7.

Helena viu-o descer e sair; depois subiu cautelosamente ao seu aposento. Ali se sentou alguns minutos, pensativa e triste. Ergueu-se enfim, vestiu rapidamente as roupas de montar; colocou o chapelinho preto sobre os cabelos penteados à ligeira e desceu. Na chácara esperava-a o Vicente, com a égua ajaezada e pronta. Montou sem demora; o pajem cavalgou uma das mulas que havia na cavalariça e os dois saíram a trote na direção da casa do alpendre e da bandeira azul.

A casa estava ainda silenciosa; portas e janelas consevavam-se hermeticamente fechadas. Helena apeou-se e bateu de mansinho; repetiu as pancadas progressivamente mais fortes. Ninguém lhe respondeu. Impacientemente rodeou a casa; mas parece que achou fechadas as portas e janelas do fundo, por que voltou logo. Colou o ouvido à porta e esperou. Quando lhe pareceu que era baldado o esforço, tirou da algibeira um lápis e um pedacinho de papel; colocou o pé no degrau de tijolo e sobre o joelho escreveu algumas palavras; dobrou depois o papel e introduziu-o por debaixo da porta. Esperou alguns minutos, caminhou para a égua, montou e regressou à casa.

Homenagem a Machado de Assis.