EM NOME DO PAI

EM NOME DO PAI.

Tive pensando nesses dias o quanto somos preparados intuitivamente pelo nosso pai para a saída do ventre da mãe e para enfrentar os obstáculos da vida. Claro, sei que à maior parte destes ensinamentos são mesmo da mãe, desde o primeiro fio de vida gerado no útero, até o dia em que criamos asas e voamos sozinho.

Na hora da notícia que sua mulher está grávida, o marido, com poucas exceções, emana uma energia tamanha capaz de potencializar ainda mais o desenvolvimento fetal. Começa aí de verdade a participação patriarcal perante sua cria. Até o momento da gravidez, tudo não passava de um ato sexual mais por prazer pessoal do que qualquer outra coisa. Acredito que independentemente de situação financeira, conjugal ou do amor que sente pela mãe, o pai desenvolve progressivamente um carinho enorme em relação ao filho. Os primeiros pensamentos que vem a cabeça de um futuro pai é o quão parecido seu filho pode ser consigo mesmo, o que pode fazer para tornar esta aparência cada vez maior, quais artifícios possa usar para trazer um maior conforto aquele que vai chegar, e num ataque de ansiedade sair para comprar o primeiro presente, nem que seja uma chupetinha, sinalizando inconscientemente o medo de escutar seu filho chorando. A lembrança mais remota que tenho de meu pai foi em um evento ocorrido quando tinha apenas dois aninho, talvez um pouco mais: me tranquei em um armário com um saco de bombons que adorava (7 Belo) e fiquei desaparecido por algum tempo, todos estavam a minha procura e eu escutava a aflição da minha mãe e irmãos imaginando o que poderia ter acontecido. Procurando em um dos quartos, um de meus irmãos escutou um barulho no guarda roupas e, pimba, lá estava eu todo feliz e sem entender o que estava ocorrendo. Menino traquino o que você está fazendo aí trancado? Perguntou minha mãe, inocentemente fiquei assustado e tentei esconder o saco de balas nas costas, fui repreendido por todos menos por meu pai que me tomou ao colo e caiu na gargalhada. Este fato embora pareça bobagem, me trouxe a primeira sensação de segurança paterna, sabia que todos estavam zangados menos ele, meu pai. Lembro-me também quando aos dez anos briguei com um menino mais velho da rua em frente de casa, e meu pai foi em minha defesa dizendo ao oponente “se você fosse um pouquinho maior ia levar um cascudo agora”. Baixado a poeira ele me falou: meu filho, não arrume briga com ninguém, mas se isto acontecer me chame que eu resolvo. Fiquei com o peito inchado, todo cheio de orgulho. Em outro episódio, estávamos em um banho de açude com a família e meu pai comigo no ombro com a água pela cintura, caiu em um buraco e afundamos juntos, quase morreu afogado tentando me suspender e empurrar até a margem. É uma demonstração de amor e tanto, morrer para salvar o filho. Me orgulho dos valores que recebi de meu pai, sua honestidade, sua capacidade de relevar fatos realmente significativos. Mais tarde, agora já casado, pedi o Monza dele emprestado para sair. Roubaram o carro, fui avisa-lo do fato, sabe o que ele me falou? Tudo bem meu filho, se eu puder depois compro outro, me deu as costas e foi à missa. Falou isto não por ser rico (coisa que nunca foi), mas sim pelo enorme coração que tem e por achar que eu realmente não tinha culpa nenhuma no sinistro. Esses são alguns exemplos de como um pai ensina a seus filhos a encarar a selva de pedras que é a vida. Hoje, aos 43 anos também sou pai e uso como referencia o que aprendi procurando ensinar com muito orgulho para meu filho os reais valores da vida, e tenho enorme satisfação em dizer que sou tua cria. Obrigado pai por você existir. M. C. MEIRA 09/08/2013.

MAERSON MEIRA
Enviado por MAERSON MEIRA em 09/08/2013
Reeditado em 09/08/2013
Código do texto: T4426694
Classificação de conteúdo: seguro