SOL DA NOITE

Sol da noite,

Elas, flores decaídas, portas viciadas.

Corrompidas, mercadorias expostas!

Andorinhas perdidas na noite, e voam...

E sonham, com as asas partidas,nesse modo de viver!

Como pássaros de fogo, voam, e são como Sóis na madrugada,

A vender sonhos, a comercializar sorrisos desenhados na boca.

Milagre da multiplicação dos prazeres!

A distribuir carinhos, a fazer de conta.

A fechar as janelas na alma, a escancarar as rotas, as portas...

Da razão, da servidão, cada vez mais desejadas, rodeadas e solitárias.

Servis, serviçais, a vender imagens nesse labirinto!

Profissionais, amadoras contudo, no que predispõe as emoções,

A dissimular o que se passa no íntimo, como se fossem máquinas,

A produzir, reproduzir, a repetir gozos em série!

A deixar rolar na face, gotas de orvalho,

Tempestades na alma a dar forma às lágrimas....

Espelhos a retratar fotografias das etapas vida, a estampar realidades...

A pintar as lembranças, com as aquarelas da saudade.

Hoje, flores murchas,estrelas cadentes, elas!

Solda noite, como folhas de outono caídas.

Albérico Silva