HILDEBRANDO PAFUNDI

Leitor que sou do Diário do Grande ABC desde seu primeiro número, inclusive sendo seu assinante há mais de vinte anos, Hildebrando Pafundi não me era estranho, repórter que dele foi ali pelos idos da segunda metade dos anos 60.

Minha proximidade com o Pafundi aconteceu no dia em que lancei, na Biblioteca Nair Lacerda, meu primeiro livro Um Passado Sempre Presente, numa apresentação do Quatro Dedos de Prosa, no segundo semestre de 2010. Dali para cá, temos nos encontrado constantemente, ele sempre prestigiando minhas apresentações em eventos literários. A última oportunidade se deu na Casa da Palavra, numa palestra dele, sobre seus 50 anos de jornalismo e de literatura. Muito bom, por sinal, seu pronunciamento, quando fiquei sabendo de muitas peculiaridades de sua vida.

Sua obra literária é bem extensa, tanto como contista quanto cronista. Tenho lido seus textos, ficando impressionado com seu estilo simples, leve, que atrai o leitor. Seus temas prediletos são os retratos da vida no cotidiano, principalmente, a boemia, explorando os sons e os galanteios dos salões de baile, e a penumbra, os segredos, dos balcões de bares. O conto A Presença de Quem Ama, incluído no seu mais recente livro, No Ritmo Sensual da Dança, é uma peça magistral, com forte influência shakespeariana, que é uma das características do Hildebrando.

Pessoalmente, Hildebrando Pafundi é de uma simplicidade a toda prova. Humilde, de pouca fala, atrai a simpatia mesmo daqueles que não o conhece. Sempre caminhando meio encurvado, com sua mala cheia de suas obras, ninguém imagina o tesouro que ali está contido.

Recentemente, durante os festejos de aniversário da cidade, a Secretaria de Cultura do Município, num evento de gala, outorgou-lhe o prêmio de Personalidade do Ano da Literatura. Foi uma justa homenagem a um cidadão a quem a cidade muito deve, por sua extensa obra literária, como já dissemos, que tem levado o nome de Santo André a ultrapassar, até mesmo, os limites de suas lindes. Além disso, ele aparece em diversas antologias, nelas constando trabalhos seus que mereceram premiações.

Pelo seu imenso talento como escritor, e pela cordialidade com que me tem deferido, e mesmo durante esse tempo que, juntos, temos lutado pelo reconhecimento da literatura andreense e da região do ABC, não poderia deixar de prestar este depoimento ao ilustre amigo e confrade da Academia de Letras da Grande São Paulo.