KAROL WOJTYLA - JOÃO DE DEUS: UM HOMEM EMPENHADO NA GRANDEZA DA SIMPLICIDADE
REPUBLICO ESTE TEXTO, QUE ESCREVI EM 05 DE JULHO DE 2013 E QUE PUBLIQUEI NESTA ESCRIVANINHA. HOJE, REPITO A HOMENAGEM, SABENDO-O OFICIALMENTE SANTIFICADO.
O tempo é um grande professor e a passagem dele produz frutos bons aos que os querem colher, claro. Esta conclusão surge quando percebemos que os fatos ganham maior entendimento depois de decorridos dias, meses, anos de seus momentos. Não percebemos a importância de alguns deles que nos são contemporâneos, talvez pela inobservância e por análises menos acuradas dos acontecimentos.
Li recentemente a obra Testemunho de Esperança - A biografia do Papa João Paulo II e, após a leitura, alojou-se em mim a feliz sensação de agradecimento por ter vivido na mesma época em que Karol Wojtyla viveu.
Isto soa como oportunidade-prêmio, que nos foi proporcionada, de podermos acompanhar a trajetória humana de um ser de destaque entre os outros homens.
É uma tomada de consciência que se acende como archotes iluminando caminhos, para que a humanidade encontre altitude espiritual.
Não se pretende aqui falar de religião, mas da certeza de que só se pode avançar espiritualmente quem se movimenta por si.
Wojtyla tinha personalidade natural e serena, própria dos seres iluminados. Passou pelos sofrimentos da 2ª Guerra Mundial e o efeito por ela causado ao jovem Karol não lhe era assunto agradável. Segundo ele, foi o período mais difícil de sua vida. Ao ser interrogado sobre o que aprendeu com aqueles dias, respondeu que participou da forte e grande experiência de seus contemporâneos: “a humilhação por meio da crueldade”.
Disse que as pessoas atingidas tiveram reações diversas diante da humilhação, as quais não precisamos aqui citar, mas que ele, pessoalmente, sob a pressão do mal “tornou-se forte e inquebrantável, até”. “Assim como o carbono comprimido sob a superfície da terra transforma-se em diamante”, sua resistência à perversidade fez com que se tornasse “duro e brilhante, capaz de atravessar obstáculos”.
Ele arriscou a vida para ajudar grupos de teatro subversivo, estudou para o sacerdócio como clandestino. Assim, adquiriu forças para penetrar na rigidez da tirania. Não enganou os outros, tampouco a si mesmo, para hipocritamente enganar a Deus.
Em sua primeira peregrinação como Papa à Polônia, devolveu ao povo polonês sua autêntica história e cultura, dizendo em vários pronunciamentos (mais de quarenta), em alto e bom som: “vocês não são o que eles dizem; vou lembrar-lhes sua verdadeira essência”. Sob catarse, os poloneses aprenderam o poder da conscientização.
A formação de um reino terrestre em que não haja o respeito ao semelhante e a glória de Deus, de nada vale. Agir de forma distante da vontade Divina, por ignorância completa dos ensinamentos de bondade e caridade, é querer satisfazer-se a si próprio.
João Paulo II não se estilhaçou em teimosias, envolvendo o nome de Deus em falsidades e atitudes insanas. Quatorze meses após a peregrinação, o movimento Solidariedade surge e se firma em Gdanski.
Desperto da embriaguez e do torpor dos homens comuns, compreendeu a palavra de Deus e agiu. Não se recuou amedrontado, fazendo da Sacrossanta Palavra um suporte para vaidades.
Foi uma caminhada difícil, oito meses após o surgimento do Solidariedade, o Papa foi baleado. Teria a União Soviética (da época) algo a ver com tal barbaridade? Que responda a história.
João de Deus era determinado ao falar a verdade e encorajava seus semelhantes a resistirem com as armas do espírito humano. Poucos entenderam como foi que ele conseguiu tantas transformações sem jogar com as regras do poder.
Alguns compreenderam que o espírito humano ainda pode conduzir a história de forma positiva. Com isso, o que é falso desmorona-se e evidencia-se que a liberdade consiste em fazer o certo de maneira certa.
Karol Wojtyla foi uma criatura abençoada pelo Pai, trabalhou empenhado na grandeza da simplicidade e fez valer sua influência por transparente integridade.
Deixou como exemplo maior à humanidade a capacidade do perdão e vivenciou essa capacidade ao visitar seu algoz, estendendo a mão que perdoou ao carrasco.
Fonte de Referência:
Weigel, George - Testemunho de Esperança - A Biografia do Papa João Paulo II.
Observação: George Weigel, importante teólogo da Igreja Católica Romana, Sênior do Centro de Ética e Política Pública em Washigton.
JULHO/05/2013
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