SIMÃO PEDRO
Ó meu caro Simão Pedro
Do grão Jonas descendente
Foste rijo como uma pedra
E modelo de toda a gente.
Foste um ser apaixonado
Em projecto animador
Um pescador realizado
Com perícia e com valor.
Do Rabi de Nazaré
Ouviste falar um dia
Por seres homem de fé
Seguiste-O com energia.
Largando tua barcaça
A navegar à deriva
Iniciaste com graça
Uma missão exclusiva.
Lutaste pelo teu Mestre
Com uma alma valente
E naquela turba agreste
Fizeste ao romano frente.
Herdando pungente chaga
Qual ser humano e terreno
Em certa noite aziaga
Renegaste o Nazareno.
É bem certo que fugiste
De uma feroz multidão
Mas logo ao Mestre seguiste
Com firmeza e com paixão.
Foste fraco e convencido
P´ la vaidosa serviçal
Mas choraste arrependido
Do teu pecado mortal.
Se o esperto galo cantou
Por divina convenção
Outra luz em ti brilhou
No teu frágil coração.
O Mestre venceu a morte
E deu-te as chaves do Céu
Foste do Grémio o mais forte
Pelo amor qu´ em ti cresceu.
Aceitaste o chamamento
De uma forma excelente
O teu gesto foi fermento
E lição para toda a gente.
Correste mundos e fundos
Da palavra pregoeiro
E se houvesse mais mundos
Chegarias lá primeiro.
Deste exemplo e testemunho
De enorme dedicação
Por isso o Senhor do mundo
Pôs as Chaves em tua mão…
Não umas Chaves quaisquer
De engano ou de labéu
Mas as que toda a gente quer:
As santas Chaves do Céu.
O que ganhaste Simão
Do teu martírio final,
A Cruz voltada pro chão
Com tão estranho sinal?
Não sou digno do Rabi,
No alto desta Montanha,
Pago o mal que eu vivi
Co´ esta humilhação tamanha.
Ninguém teve tal ousadia,
Nem tão grande sofrimento,
Deixando, com honraria,
Uma Igreja em Testamento.
Não foste só nessa Missão,
Paulo de Tarso t´ ajudou
Com palavras de redenção,
Por isso a Igreja singrou.
Muitos séculos já lá vão
De folguedos e cantares
O povo é feliz, Simão,
Com tuas Festas Populares!
Frassino Machado
In RODA-VIVA POESIA