VELHICE
O vergel colorido em festa,
A casa quase vazia
É tudo o que me resta
Dessa vida de magia.
Viver, acaso, assim seria
Caminhar no colo do tempo
Rumo às rugas da velhice
Trazendo nos olhos o lamento?
Viver, acaso, seria assim
Trazer no colo seco das mãos
As marcas quase sem fim
Das ferroadas da solidão?
Tanta gente passou por aqui
Fazendo-me entender que passar
É sinônimo de prosseguir.
por isso ninguém quis ficar.
Tanta gente por aqui passou,
Fincou lembrança em mim
E seguiu por aí, voou
Por este mundo quase sem fim.
Fiquei eu e minha velhice,
Par cada vez mais íntimo,
Raspando cacos e crendices,
Alisando da alma os vincos.