ELA
ELA
Gostaria de falar dela, porém me sinto um pouco constrangido com tal intimidade. Sei que um dia já a espanquei e hoje apenas a toco, e com o maior carinho, pois sei que a pele branca é mais frágil que a negra, já pisei nela, já a apertei. Não quero ser levado a mau, pode parecer preconceito ou covardia diante de tanto prazer que ela me proporcionou, diante de tantas noites fora que fiquei, diante de tantas bebidas que mesmo sem querer, joguei em seu corpo. Certa vez fui tão violento que arrombei o buraco da frente sem a menor dor na consciência, pois estava sob efeito do álcool e achei que ela entenderia, foi uma puta agressão. Arrependo-me de às vezes pensar em troca-la definitivamente por outra mais nova, de fato nunca o- fiz, mas que tive vontade tive.Já trai com outras várias vezes e ela nem ligou. Isto sim é uma companheira inseparável, embora às vezes já tenha a desprezado, e montado num galope frenético em outras. Com o pau na mão, preste a empurrar na pele delicada dela, resignei-me. Mas, hoje me sinto bem confortável em mantê-la trancada no quartinho dos fundos, e usa-la apenas para meu bel prazer, sei que ela preferiria sair comigo a todos os bares, shows e eventos afins, e pudesse mostra-la a todos os meus amigos como a única que já toquei tão profundamente. Infelizmente isto não é possível hoje, pois tenho outras prioridades e não quero que ela me acompanhe “atrapalhando” de certa forma os meus novos objetivos. Quero apresentar-lhes: A BATERIA.
M.C. MEIRA 16/05/2013.