A eterna voz da juventude
Ao ouvir que irá passar um filme sobre Renato Russo, o inesquecível vocalista da Legião Urbana, sinto-me obrigada a homenageá-lo, pois sou e sempre serei sua fã. Como não nos emocionarmos com suas músicas que, como poucas, têm o poder de comover, falar das inseguranças e anseios da juventude? Renato Russo compôs músicas de cunho intimista e social, denunciando as mazelas do nosso país e os problemas de relacionamento pessoal enfrentado por tantos de nós no cunho familiar e/ou amoroso? Alguém que ouvir Que país é esse, com certeza, irá achar correlação entre os trechos cantados na voz grave do artista e todas as injustiças e absurdos que nos bombardeiam. Falemos também de Pais e Filhos, que ele compôs em homenagem a uma prima que havia cometido suicídio. Impossível não nos identificarmos com o modo como ele descreve o sempre difícil relacionamento entre pais e filhos, refletindo sobre o choque de gerações e a falta de compreensão que tanto pode vir do lado dos pais quanto dos filhos.
Renato Russo se tornou inesquecível porque respeitou o sentimento dos jovens. Ao contrário de tantos outros artistas que fizeram músicas para adolescentes, ele mostrou que considerava o seu público inteligente e queria levá-lo a pensar sobre si mesmo, as pessoas e a sociedade. Pena que outros artistas que fazem sucesso entre o público jovem não sigam o seu bom exemplo e prefiram fazer músicas sem conteúdo nem qualidade e totalmente desprovidas de inteligência, como se os adolescentes fossem seres limitados.
Que o talento e a densidade do trabalho de Renato Russo sejam capazes de despertar a indignação, a reflexão e estimulem outros a buscar, dentro de si mesmos, estímulo e força para lutar por um mundo mais justo, menos superficial e desumano.