A MORTE DO GURU. TRIBUTO AO PROFESSOR WILSON NOGUEIRA

TRIBUTO A WILSON NOGUEIRA

Enterramos hoje, dia quatorze de maio, o nosso amigo e professor Wilson Nogueira. Não é necessário lembrar aqui quem ele foi nem o que ele fez. Quem o conheceu e conviveu com ele sabe qual foi a sua contribuição para a nossa comunidade e quanto se tornou uma pessoa significativa para todos que o conheceram e conviveram com ele. Soube, como ninguém, exercer a maior qualidade que um homem pode desenvolver na vida: a capacidade de fazer amigos e resolver conflitos, promovendo a sinergia entre os grupos e recompondo fraturas que as vaidades humanas sempre provocam quando os egos não são devidamente massageados. Wilson Nogueira foi um companheiro de muitas lutas e valorosas realizações. Eu o tinha como um verdadeiro guru, daqueles cuja presença já é suficiente para trazer, ou restabelecer a harmonia em qualquer ambiente. Da minha convivência com ele ficou uma frase que ele disse um dia, numa reunião onde os ânimos estavam exaltados e o grupo muito perto de uma fratura muito grave. No mais aceso da discussão ele disse: “ Ei pessoal, vamos tomar cuidado com o que estamos dizendo uns aos outros. Estamos numa idade em que estamos enterrando os nossos amigos. Não vamos ter tempo para fazer outros.” Só uma grande sensibilidade como a dele poderia sacar frase tão impactante, num momento como aquele. Por ironia do destino, Wilson foi o amigo da vez. Mas não importa. Ele não passou em branca nuvem, nem em plácido repouso adormeceu. Ele fez a sua parte, foi um homem que viveu. Para você, amigo Wilson, este soneto, com o motivo que me deu.

Conserva os amigos que conquistastes,

Como se fosse o teu mais rico tesouro,

O bom amigo vale mais que todo ouro,

Que porventura nessa vida já ganhastes.

E a verdadeira amizade é um raro bem,

Que vem de graça; é dom da natureza.

Mas só quando perdemos essa riqueza

Nos damos conta do valor que ela tem.

Por isso é bom ter amigos de verdade,

E não perdê-los por agravos tão banais,

Que geralmente só nos ferem a vaidade.

Principalmente se estivermos na idade,

Em que só os encontramos nos funerais,

E não há tempo de fazer nova amizade.

João Anatalino
Enviado por João Anatalino em 14/05/2013
Reeditado em 14/05/2013
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