EU, PARA MINHA MÃE; MINHA MÃE PARA MINHA AVÓ
MINHA MÃE
NO INÍCIO DA MADRUGADA DE 12 DE MAIO DE 2013
No centro da parede, o retrato antigo, em meio-corpo, da adolescente com o delicado rosto sobressaindo dos cabelos castanhos, anelados, rosto a emergir do romântico vestido furta-cor, de tafetá. Na boca, sugestão de batom escarlate. Um coração de menina, com os sonhos todos intocados, intactos.
Desta menina operária, que ia à fábrica todos os dias e no domingo à missa, quais poderiam ser os sonhos? Sonharia, talvez, com grandes realizações profissionais? Imaginaria para si uma professora, advogada, médica, engenheira, cientista... todas eminentes? Havia, decerto, muitas meninas, já naquele tempo, a tecerem semelhantes sonhos.
Ela, não. Sonhava apenas com um príncipe encantado a trazer na bagagem, abraços, beijos e filhos. A FELICIDADE. Esta menina do retrato: minha mãe.
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POEMA DE MINHA MÃE NAIR À MINHA AVÓ, FRANCISCA
OLHAR DE UMA FILHA - De NAIR DOS REIS
(Revisão de Zuleika dos Reis)
Quando eu nasci não sabia
que esse mundo existia
e que era uma criação de Deus.
Já sentia dois braços que me acolhiam
e nesse encontro de alegria
descobri a poesia nos olhos de minha mãe.
Seus olhos eram ternura
suas lágrimas eram puras
como gotas de cristal
e nem notei o sofrimento
que passaste
tanto, tanto tempo
sem na vida reclamar
só tendo lágrimas no olhar.
E partiste para o infinito
mas na Terra foste o abrigo,
uma mãe que soube amar.
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