DIA DAS MÃES

Dia das mães... Ora, para os filhos, todos os dias, infindáveis dias, são dias das mães: certos, invariáveis e dedicados dias ao "fruto de seu ventre"...

Ser mãe, é o ato puro da vontade, em si mesmo, inatingível à nossa vã compreensão; somente através da reflexão é que percebemos a profunda missão da maternidade; em outros termos, é graças à reflexão que tomamos consciência do valor de uma mãe. A reflexão sobre o ato puro do mais puro amor existente - a mãe abraçada ao filho recém nascido - que produz a sua representação interior, que será refletida em nossa memória, a memória troansforma-se na fonte comunicável por meio da palavra, e a palavra comunicável será fixada em nossa mente produzindo a poesia, a música, o encanto deste ato puro de amor maternal.

Ato puro em se tornar mãe, a gestação, a magia de atrair o fogo e o vento tornando-os ciência, o feto, o embrião, a criança... Em outros termos: como o feminino de Deus, em Deus, "constrói a sua casa".

Só tomamos consciência deste ato puro do amor materno através da reflexão sobre ele. Resultando daí, a necessidade de "espelho" interior a fim de sermos conscientes desta verdade: uma mulher me concebeu, uma mulher velou por mim durante nove meses, nasci, ela cuidou de mim, me orientou e, no meu caso, morreu de tanto amor que teve por todos os meus irmãos e por mim.

"O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do espírito" (Jo 3,8).

O sopro do espírito - ou o ato puro da inteligência para valorizarmos mais e mais o amor materno - é certamente acontecimento, a mãe deixou acontecer, mas em si mesmo, não é suficiente para que tomemos consciência dele. A "con-sciência" é o resultado de dois princípios - do princípio ativo agindo e do princípio passivo refletindo. Para "sabermos" de onde o Sopro vem e para onde vai, é necessária a Água que o reflete, o líquido amniótico onde o embrião se desenvolve. O pai e a mãe, num ato de amor, firmaram a concepção, visando não a unidade do todo, mas a unidade de dois - masculino mais feminino, resultando a criança.

Ser mãe, é ser dual, bem próxima do divino, é ser sócia da criação. A dualidade significa, portanto, estabelecer dois centros de contemplação, tendo dois princípios separados e rivais, um real e outro aparente, nisso está a origem do mal, o aborto, a mãe que renega o filho, por exemplo, que é o binário ilegítimo. Não existe o binário do número dois legítimo? Um binário que não signifique a diminuição da unidade, mas seu enriquecimento qualitativo? Dois é o Sopro e a sua Reflexão, é a origem, é o número da con-sciência do sopro e a missão de cada ser aqui na terra "gravada e esculpida". É o número da reintegração da consciência legitimada no coração materno. Dois é tudo isso e algo mais ainda. Não é necessariamente o "binômio ilegítimo", como ainda é o número do amor ou a condição fundamental do amor, que ele pressupõe e postula claramente. Haja vista que o amor é inconcebível sem o amante e o amado, sem o EU e o TU, sem o UM e o OUTRO. "Deus é amor, aquele que permanece no amor permanece em Deus e Deus permanece nele (1Jo 4,16).

Deus não o seria porque não amaria ninguém, exceto a si mesmo. Como isso é impossível no ponto de vista do Deus do Amor, ele é revelado à consciência humana como a Trindade eterna do Amante que ama, do Amado que ama e do amor deles que os ama - e se estende no amor entre o homem e a mulher na sagrada missão de procriar: o pai, a mãe e os filhos, frutos deste amor.

AMOR DE MÃE

Amar o efêmero, o perverso, nada disso,

na mãe existe, visto que seu universo,

não é omisso, é sangue e vida, elo eterno,

etéreo, angelical, em sua beleza divinal,

ser mãe, para sempre é ser do lar o fanal...

Bendigo todas, mães ricas, mães pobres,

mães doentes, as com saúde, as outras tantas,

mães felizes e contentes, flor de maio,

céu azul, da virgem o manto, do mar as contas,

peito arfante, contentamento, mãe amada,

armada, idolatrada pelos filhos seus...

Esquecidas, no olvido atiradas, outras mães,

neste dia a elas dedicado, choram os labéus,

do filho ingrato, o distanciamento, que tormento,

mesmo assim de peito arfante exclama:

"filho meu, meu orgulho, meu tesouro,

razão do meu viver; mesmo sem te ver,

dedico-te todo o meu amor, neste meu dia,

chorosa lembro o que outrora te dizia:

Fica com Maria, a Virgem,ó filho do bem querer,

sempre aqui, à tua espera, enquanto viver,

terás uma mãe que te ama".

Os dias passam, sóis se cruzam,

da vida, filho vencedor, esquecido ficou,

daquela mãe feita do mais puro amor...

Mãe bendita, mãe querida, ausente ou presente,

neste teu dia, que a todos propicia o doce canto,

que por encanto, sua voz nos emociona,

embalando o berço, sem enfado ou cansaço,

"dorme, dorme filhinho,

anjinho inocente, dorme queridinho,

tua mamãe está contente"...

Ah doce mãe dos prazeres, larga os afazeres,

pelos filhos, penca do mais puro amor,

única a cada um, deles cuida como ninguém,

vencendo doenças e intempéries, seu único bem,

assim vive a mãe,

viva mãe e filhos em suas congéries!

Carlos Lira

Esta é a simples homenagem que presto às mães do mundo todo, as mães de todo mundo, mundo mudo neste dia somente para ouvir o cantar singelo de todas as mães do bem: as m~es biológicas, as mães do coração, as mães que amam, e sofrem, e choram, e se alegram, e morrem deixando em nós, os filhos militantes, uma saudade danada..