LEMBRANÇAS

Aquele violão dependurado na parede,

Me trás lembranças e saudades da minha infância.

A cidade em que nasci, a vizinhança.

O jogo de caçador no final da tarde.

Crescemos juntas ano a ano, devagarinho.

O jardim de infância, o fundamental,

Minha doce madrinha trazendo ovos no avental.

Cavalos transitavam pelas ruas.

Carroças, charretes, fuscas e fubicas.

Vinha o povo do interior vendendo frutas,

De casa em casa, as dezenas e cento...

Todos se conheciam e se confraternizavam nas festas.

Sempre à tardinha, no final do expediente,

Entre uma e outra cuia de chimarrão,

Meu pai dedilhava o violão,

Que embebecidos escutava-mos sem piscar.

Lindas melodias......serestas...

Após tocar nossas musicas preferidas,

Meu pai e mãe sentavam-se em frente a nós.

Ele ajudava-nos com as tarefas escolares,

Mais tarde a mãe ensinava-nos crochê e tricô.

Entre os conselhos, o que mais me deixou pensativa,

Como um disco gravado em minha mente.

Sejam humildes mas andem de cabeças erguidas.

"Dize-me com quem andas que te direi quem és"...

Para a eterna morada meu pai partiu há muito tempo.

E a cidade cresceu, hoje é uma bela senhora.

E o velho pé de cinamomo assobradado,

Não está mais lá pelo menos agora.

A saudade que eu sinto do meu pai amado,

De minha cidade, meu torrão querido.

Se pudesse voltar, mesmo que por segundos.

A minha infância, ao meu encantado mundo.

Hoje tudo o que existia não está mais lá.

E o toque do violão não escutamos mais.

Pois tudo o que sinto pra valer,

É a saudade de meu querido pai.........

(Sirlei Dangui)

Maria Sirlei Dangui
Enviado por Maria Sirlei Dangui em 09/04/2013
Reeditado em 09/04/2013
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