LEMBRANÇAS
Aquele violão dependurado na parede,
Me trás lembranças e saudades da minha infância.
A cidade em que nasci, a vizinhança.
O jogo de caçador no final da tarde.
Crescemos juntas ano a ano, devagarinho.
O jardim de infância, o fundamental,
Minha doce madrinha trazendo ovos no avental.
Cavalos transitavam pelas ruas.
Carroças, charretes, fuscas e fubicas.
Vinha o povo do interior vendendo frutas,
De casa em casa, as dezenas e cento...
Todos se conheciam e se confraternizavam nas festas.
Sempre à tardinha, no final do expediente,
Entre uma e outra cuia de chimarrão,
Meu pai dedilhava o violão,
Que embebecidos escutava-mos sem piscar.
Lindas melodias......serestas...
Após tocar nossas musicas preferidas,
Meu pai e mãe sentavam-se em frente a nós.
Ele ajudava-nos com as tarefas escolares,
Mais tarde a mãe ensinava-nos crochê e tricô.
Entre os conselhos, o que mais me deixou pensativa,
Como um disco gravado em minha mente.
Sejam humildes mas andem de cabeças erguidas.
"Dize-me com quem andas que te direi quem és"...
Para a eterna morada meu pai partiu há muito tempo.
E a cidade cresceu, hoje é uma bela senhora.
E o velho pé de cinamomo assobradado,
Não está mais lá pelo menos agora.
A saudade que eu sinto do meu pai amado,
De minha cidade, meu torrão querido.
Se pudesse voltar, mesmo que por segundos.
A minha infância, ao meu encantado mundo.
Hoje tudo o que existia não está mais lá.
E o toque do violão não escutamos mais.
Pois tudo o que sinto pra valer,
É a saudade de meu querido pai.........
(Sirlei Dangui)