DE NAUS & PAUS, VELAS E VILAS...

DE NAUS & PAUS, VELAS E VILAS,

MATAS & MANTAS, ORLAS E ILHAS

(ao Prof. JOSÉ ILDONE, "primus inter pares")

I

Vigiando tetos, soalhos, proas, lados,

um São José hodierno

acorda o dia -- (re/de)talhando

o esqueleto da nau-casa/caminhão

: andarilha cigana a beijar orlas

a roçar ilhas

a (per)correr milhas

se d(o)ando toda, trans(port)ando tudo.

No luciluzir do horizonte cinza

em frias manhãs de sol-lua azul

o "motorzinho" gargareja esperanças,

resmunga anseios de bons (neg)ócios...

rabiscando linhas brancas

(com suas cor-retas ancas)

no espelho negro d'água

(que Yara logo apaga).

-- "É hora do(s) galos', gelos, gulas enfim"!

I I

Descortina-se a manhã

no palco vivo do dia(-a-dia):

...e VIGIA (ainda) vigila

cochila tranquila

sem vândalos nem vendas,

só (boas-)vindas

e novas voltas

de belos vultos, cultos... muitos !

...e VIGIA (se des)vela, bela

por si. Pérola sagrada

no coração do Passado

(do Estado)

e onde vigem lendas (e p-rendas) lindas,

entre lonas, ondas e lundus...

"ad'onde" vigilengas

lentas limpas

ondulam no azul.

I I I

Pôr-do-sol, do sal, dos sons

no "Rabo da Ósga"

do Arapucão

: sensação / satisfação.

Sapo faz "own"

enquanto as sapas "ranam"

e as jias vadias -- vi-as pela vigia! --

gir(in)am nas pontas podres

de pedras a-paradas

das paredes pardas

do cais de pretas pedras

da provecta Igreja de Pedra.

Algures,

o milenar caboclo Plácido

tece derradeira prece

com fé

à vígil Virgem de Nazaré.

Alhures,

no negrume denso que une

céus, matas e água... (di)vaga

devagar andejo barco

à procura de pôrto-confôrto

praguejando rouco, cuspindo (n)água.

À tona,

no manto úmido lucescente,

em mantas/corsos/boanas

luzem prateadas douradas

vigiando os passos da Noite...

: e VIGIA ('inda) vigia

TODOS NÓS

...seu corpo, sua voz !

"NATO" AZEVEDO

(OBS: o poema refere-se inteiro

à cidade de VIGIA, norte do Pará)