SEM A LIRA DE ORFEU
Acho que vou ! ...
Sinto, cansado
o dia de faces rubras,
o voou lento das aves
da tarde inteira de todos,
dos que não querem
dos que não conheço,
dos tropeços que caem,
nos sorrisos de choros
nas vozes de engasgos
nos espaços que espaçam-se
juntando-se apertam
mostrando noite de lua
braços abertos para o beijo ...
acho que vou ! ...
Não vá ! ... ...
Foi-se!
Não tenho sede,
fome também não,,
sem palavras na boca calada,
sem escrever no papel amassado,
sinto, vejo, não estou mudo
não sou mais este mundo
sem ele, sem lira de Orfeu
da asas que voam,
que não cantam, voaram ...
no carro lírico de cores
à outras manhãs esperadas.
(Para Lilu, da Academia Sulista de Letras, hoje, em outra morada)