MÃE MAIOR

DIA DAS MÃES

14/05/2012

"O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo"...

Mario Quintana

Dia das mães, que dia é esse, se cada dia, de nossas vidas, das mães são? São nossas as mães, os dias nos pertencem, nos apossamos de seu bem querer, nos aportamos em seu querer querendo. Mãe tua, mãe minha, mães nossas, as nossas mães rainhas, especialíssimas vidas que julgamos possuir, para sempre possuir e nunca mais perder. sentimento egóico, esse nosso sentir em relação à mãe que nos concebeu.

Cinco anos são passados, desde que o tempo se encarregou de separar a Mãe Maior do nosso convívio, sem parar, o implacável tempo determinou o dia, o mês, o ano, a hora, o minuto e o segundo para acertar o final de uma existência que nos foi muito cara a nós, os seus filhos. Foi grande a dor da perda, dolorosa a despedida, o que nos era impossível, em possível se tornou: a Mãe do nosso amor, partiu; o supremo sacrifício estava ali presente, naquele doloroso ofertório, naquela hora do adeus...

Mãe Alaide, mãe das mães descendentes, clara estrela de nosso porvir, conselheira, ativa e destemida, mãe querida, mãe de todos nós. Sempre temi o desfecho, a separação em vida, desta guardiã do carinho, do amor e fé em Deus. E por temer tanto esta partida, sempre sofri uma espécie de ida, em cada vinda de seus carinhos em forma de prece. Hoje, eu sei do seu valor materno, hoje eu sei o real sentido eterno de uma mãe que parte, deixando uma lembrança parada no tempo, uma espécie de templo, onde as lembranças são guardadas, preservadas em cada gesto seu que se foi, mas em pensamento permanecem, e se eternizam, e se materializam quando anseio por seu seio, lá onde, mais seguro me sentia.

"SAUDADE é melhor do que caminhar vazio" já dizia o cantor Peninha.

Uma verdade verdadeira esta assertiva do cantor poeta, por isso mesmo me encho de saudade, me abasteço nas lembranças, cheio de esperança é que caminho sem temer o vazio, entro no outonal viver e me sinto novamente criança quando ouço, lá longe, na distância da uma saudade presente, Mãe Alaide cantando, junto a meu berço, junto ao berço dos outros irmãos (alguns vivos e outros distantes) a canção que dizia assim: "dorme, dorme filhinho, anjinho inocente, dorme queridinho, sua mamãe está contente".

Mãe Alaide, contente? De que contente estava? Pelos filhos que nasceram, pela dor do parto que a cada ano a visitava, ou por todos os filhos que criava? E a dor da partida, que toda vez sofria, quando um filho partia? Qual dor maior sentira, pelos filhos novos em idos tempos ou pelos filhos velhos, já crescidos, que morriam em sua velhice, deixando-a mais desamparada em sua dor de mãe martir e sofredora? Mãe viva em sua fé incomensurável, jamais deixara que o desespero a dominasse...

Agora, Mãe Alaide, sinto-me sem saudade da senhora, ausência de saudade e saudades em mim portanto, tudo porque o passado passou enfim e as coisas da família, papai, mamãe, os irmãos ficaram parados no tempo, no meu tempo de todo o meu viver encerrados e resumidos numa única e grande saudade!

Hoje é o dia das mães vivas e das mães que partiram porque o amor de mãe nunca morre, ele se eterniza no amor de todos nós. Hoje, durante a missa, pude observar um imenso coração feito de rosas vermelhas flutuando na nave central da igreja, simbolizando a grandeza do amor de mãe. Foi emocionante, depois da comunhão, o coro, entoou ROSA de Pixinguinha.

"A saudade é a nossa alma dizendo para onde ela quer voltar"

Rubem Alves