MÃES-CORAGEM _ PARA LÚCIA REGINA BEHR
A dor não passa, a saudade aumenta, a vida continua levando os acontecimentos de roldão. A vida exige que continuemos em pé, que continuemos a fazer parte dela, mesmo que o corpo, por vezes, desabe e as lágrimas turvem o que antes era alegria em nosso olhar. A exemplo da roseira, a trilha da existência nos oferta perfumes no brotar das rosas, mas também fere nosso coração como os espinhos fazem sangrar nossas mãos.
Ser mãe é ser o jardineiro que planta, rega, cuida, sustenta as flores que desabrocham sob seus cuidados. Ser mãe é sangrar a alma quando as flores, tão lindas e tão amadas, fenecem, deixando um vazio estranho no jardim com tanto amor cultivado. No dia em que se homenageia a mulher, eu lembro especialmente da mulher-mãe, fábrica do mundo, jardineira de primeira grandeza. Homenageio a todas as mulheres, mas abraço com carinho as mães-coragem que, a exemplo de Maria de Nazaré, heroicamente cultivam a dor e a saudade no espaço que jamais será preenchido, onde exalaram o perfume da juventude seus filhos queridos e que, em caravana, partiram para o Plano espiritual numa noite de terror e de tragédia.
Na pessoa da minha querida amiga e colega Lúcia Regina Behr me irmano a todas as mães que perderam seus filhos no incêndio da boate Kiss e na imagem de sua filha Luana reverencio a todos os 241 jovens que, com certeza, foram acolhidos nos braços de Jesus.