Muitas MUSAS cantam, muitas outras encantam... (EC)

Incrível como o show business nos faz delirar...

Em minha vida, tive Musas desde a tenra idade...

Eu, já durante meus estudos primários, tive uma das maiores de todas as Musas que vivenciei... Claro que, em primeiríssimo lugar, minha maior Musa sempre foi e será minha saudosa mãe.

Migrante, vivendo juntamente com meu pai até sua morte em 1985, uma vida difícil, na qual tinha de ‘fazer das tripas coração’ para conseguir manter seus pequeninos, ‘agarrados’ à barra de sua saia (naquele tempo, as mulheres ainda usavam saias e vestidos...), enfrentou vendas de AVON, trabalhos de arrumadeira em hotéis de qualidade duvidosa, vendeu jornais, e realizou muitas outras atividades que lhe propiciavam arrumar alguns trocados, com o quais auxiliava no sustento do lar...

Depois, minha primeira professora, simplesmente Dona Rafaela, com a qual aprendi meus primeiros passos no be a bá! Minha dileta MESTRA, austera como quê, nos levava pelos caminhos da aritmética, da caligrafia, das ciências, da história do Brasil... Lembro-me bem que em suas aulas e principalmente nas aulas de caligrafia (creio que uma nomenclatura à época do posterior ensino do português...), havia um silêncio sepulcral. Quando a MESTRA dizia que tínhamos de retirar uma folha do caderno que iríamos fazer uma redação, a tremedeira era geral... Sabíamos que não obteríamos uma nota maior do que 70 (a nota, na época era medida de ZERO a CEM, ao invés dos ZERO a DEZ, que foi introduzido posteriormente) e eu, particularmente, me dava por muito feliz quando obtinha um 60 ou 65! Era a glória! A MESTRA pregava na louza (ou quadro-negro...) uma folha de papel que continha alguma cena retirada dos antigos calendários que eram distribuídos pelas mercearias e lojas, normalmente cenas pueris contendo crianças na beira dos rios brincando no gramado ou sentados pescando, debaixo de árvores frutíferas colhendo frutas, as meninas colhendo flores que eram depositadas em cestos seguros pelos meninos, etc... Tínhamos de conceber redação que tivesse um inicio, meio e fim, que enredasse algo com sentido... E a MESTRA corrigia rigorosamente todas as redações concebidas, assinalando com caneta vermelha os erros encontrados...

Estas duas minhas primeiras musas, assim como várias outras com as quais deparei-me em minha vida não cantavam literalmente, mas executavam performances que foram muito importantes em minha vida e, creio piamente, em muitas outras!

Já no curso ginasial, agora adentrando a adolescência, também tive lá minhas musas, ‘encampadas’ pelos dolentes MESTRAS que, aos meus olhos e também aos olhos de vários colegas, representavam na vida real as musas dos cinemas que víamos nos filmes ansiosamente aguardados nas matinês de nossos domingos. E, em frente as telas dos cinemas, já vibrávamos com musas tais como Eliana Macedo, a então jovem Tônia Carrero, Adelaide Chiozzo...

Posteriormente, já adentrando a fase adulta, literalmente babávamos com as performances de MUSAS do porte de uma Gina Lolobrígida, Brigite Bardot, Liz Taylor, Laura Antonelli, Libertad Lamarque e tantas outras. Algumas, soltando a voz em interpretações maviosas, outras conquistando-nos por suas interprestações e belezas estonteantes!

E, no aspecto Musa cantante em cenário nacional, NUNCA me esquecerei da gauchinha que acompanhei o surgimento e a impressionante ascensão no cenário musical, infelizmente nos deixando tão precocemente. Elis Regina Carvalho Costa (* Porto Alegre – 17/03/1945; + São Paulo – 19/01/1982)...

E, aqui e acolá, ao longo de minha vida, foram surgindo e desaparecendo Musas nos mais diversos aspectos do respeito, consideração, atuação, beleza, competência e afeição. Em nosso cantinho de escritas RL, posso me orgulhar de ter várias que reputo como minhas Musas, nas quais em muito me espelho no momento de redigir meus textos.

E, no sentimento, tenho minha MUSA maior, companheira de mais de quarenta anos, que embora de forma envergonhada e às escondidas, é uma intérprete maior quando se trata de aconchegar e acalentar nos braços as diversas crianças que já teve oportunidade de cuidar nesta nossa abençoada vida!

Quando minha MUSA maior canta toda a sua afeição, sua competência, seu carinho, seu companheirismo, seu comprometimento, quedo-me aos seus pés e me orgulho de ter um pouco de sua querência...

Este texto faz parte do Exercício Criativo – Quando a Musa Canta

Saiba mais, conheça os outros textos:

http://encantodasletras.50webs.com/quandoamusacanta.htm