JIRAU DI/VERSO Nº 13

JIRAU DIVERSO

Nº 13 – março.2007

por Enzo Carlo Barrocco

A poesia alagoana de José Inácio Vieira de Melo

O POEMA

AVE

Uma prece desponta na poeira:

neste defumador, bruma das almas,

nessa cruz da paixão. É sexta-feira –

falam no vinho em consoante flama.

Num cântico, tanger toda essa gente,

adentrar as cancelas dos currais,

e a prece, assimilada na tangente,

erguendo templos, constrói capitais.

O chocalho dos deuses chama a ave:

hora das trancas, bulício de chaves,

e o menino deseja o leite santo.

Reconhece-se nessa procissão

denso crivar da fome em profusão:

longa é a fila aos peitos dessa santa

O POETA

José Inácio Vieira de Melo, alagoano de Dois Riachos (distrito de Olho D´Água do Pai Mané), poeta e jornalista, no convés da fragata desde 1968, é um dos grandes representantes da poesia nordestina atual. A seca, o povo, as mazelas são temas muito bem representados no trabalho deste alagoano. Como ativista cultural, José Inácio organiza diversas coletâneas para novos poetas daquela região. Enfim, um cantador da alma nordestina.

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ESTANTE DE ACRÍLICO

Livros Sugestionáveis

Publicação Coletiva (Contos)

Autores: Jorge Machado / Paulo von Atzingen / Margareth Refkalefsky

Edição: Secult / FCPTN

Três bons contistas num livro oportuno. O cotidiano de Machado: atento e contemporâneo. A regionalidade de von Atzingen: inflexível e clássico. A concisão de Margareth: envolvente e sensual.

Revisita Selvaggia (Poesias)

Autor: Ronaldo Werneck

Edição: Poemação Produções / Íbis Libris

A poesia de Werneck reunida neste livro que eu diria essencial. Poesias múltiplas. Depoimentos, fotos, lembretes e lembranças.

Abismo Intacto (Poesias)

Autor Ytérbio Homem de Siqueira

Edição: Livraria José Olympio Editora / Fundarpe

Os poemas místicos de Ytérbio são simplesmente belos. A poesia atrelada à religiosidade, o ponto mais forte nos textos do poeta.

A FRASE DI/VERSA

Não ofendas ninguém porque corres o perigo de provocar o poderoso ou de maltratar o fraco.

- Ugo Foscolo (Zante 1778 – Londres 1827) poeta italiano

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DA LAVRA MINHA

SIMBIOSE

Enzo Carlo Barrocco

Esperemos a palavra

nascida de inumeráveis gargantas,

a simbiose entre homens e ruas,

planta indomável das calçadas.

Porque de agora em diante

é impossível abortar a fala

parida sobre

as muitas pautas dos gramáticos.

Poetas mencionarão sua geografia,

península léxica,

a nova peste contaminará

as páginas dos livros que virão.

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Enzo Carlo Barrocco
Enviado por Enzo Carlo Barrocco em 16/03/2007
Reeditado em 10/04/2007
Código do texto: T415008
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