Parabéns a Vila Isabel

A vitória da Escola de Samba de Vila Isabel é a certeza da felicidade de quem vive de maneira simples a lida diária, trabalhando com alegria para colher o seu sustento e gerar alimento para a nação que se desenvolve sem pensar e não olha os que estão aqui embaixo na pirâmide.

Enganam-se os que pensam que a simplicidade da vida na roça nos faz menos inteligentes e menos culto dos que os que estão nos grandes centros e nas grandes metrópoles industriais, nos celeiros culturais do nosso país. Temos sim uma cultura diferente mais grandiosa, podemos não ter aprendido a gramática portuguesa em todas suas nuances e rebuscados. Podemos não entender nada da língua inglesa e das demais que hoje se fala e que se inventa no Brasil, é porque no Brasil inventam-se idiomas. Falamos sim um português mais para arcaico do que errado. Fomos colonizados por povos indígenas, povos africanos e os povos portugueses. De todos eles aprendemos muito e misturamos mais ainda. Mais deu certo, temos um linguajar próprio e sonoro. Não temos um português de escritores e nem de dicionaristas fenomenais, mas temos uma cultura que ninguém duvida e que está se perdendo ao longo do tempo.

A modernidade cada vez mais presente nos vai fazendo esquecer o belo. Esquecer do belo por do sol nas campinas. Do amanhecer, quando o normal era ir ao quintal colher as frutas para o café da manha, passar pelo galinheiro e apanhar os ovos que as nossas galinhas botavam e galinhas que tinham nomes. Cansei de ver a minha vó chamar por mariquinha, Joninha e outros nomes e elas vinham para o terreiro, pois sabiam que era hora de comer o milho que era plantado e colhido no roçado bem lá perto do ribeirinho. A dona Maricota a vaca de estimação nos davam leite fresquinho e que não tinha que ser pasteurizado e contaminado com tudo o que se tem de direito. Poderia falar ainda que o feijão era plantado junto com o milho e que estes junto com a mandioca e a carne dos vários animais nos faziam fortes e saudáveis.

Claro não era tudo um céu de anil, mas hoje também não e com certeza para a família o nosso modo de viver era muito, mais muito melhor mesmo.

Pena me dá ao saber que a maioria das crianças e dos jovens nem sabe nem nuca vai saber o que é viver de da terra, o que é plantar e colher o seu alimento. O que é ver brotar um olho de água cristalina e de lá tirar a água que vai matar a sede de sua família e de seus animais. Que eles nunca vão remexer a terra a procura de minhocas, que nunca vão pular no açude e nadar sem roupas, que nunca vão tomar banho de biqueira quando a chuva vier. Que nunca vão sentar a porta de casa e ouvir do vô ou do pai histórias de príncipes e rainhas (e acreditar que elas existiam e que viveriam felizes para sempre). Que nunca vão olhar para o céu e contar estrelas e acreditar que São Jorge vive na lua e que ele tem um alazão lindo que dá gosto ver.

É o progresso nos deu muito mais tirou todo o belo da simplicidade, hoje viver na roça é simplório... Pena que quem pensa assim nunca terá o prazer de tudo quanto nos dá (?) essa vida.

Por tudo isto, os humildes parabéns da roceira e fã do grupo de autores que fizeram esta maravilha de letra e música e que mostrou ao mundo como vivem os que produzem os alimentos para este imenso e lindo país.