POBRES LAMENTOS
Sou um povo pobre
sem flores airosas para homenagear
no sepulcro da terra de rosas
o guerreiro escarnecido e nobre
Ainda neste dia sagrado
aos saudosos defuntos
minha alma se reveste de lutos
visto o choro dos outros ser magno
A saudade mística dos que viveram
sem prouver a amargura enigmática
dos quão já partiram a evasão
dos sentimentos que agora pica
Os olhos da gente estão escarlates
Sinto esperanças que mergulham...
E em uníssono lágrimas bombardeiam
Uma névoa de alaridos tristes!...
Uma ilustre coroa florida
Amarelecida, rosada e verdejante,
Desafoga o aluir da sepultura
Ornamentada de amargores!
Esperançadas no facho
Do gáudio da gente...
Hei-de regressar no distante...
E assim vos havereis de me dar afago
Empobrecidos não caiarão sobre nós!
Cuja tarde lúgubre no pensamento
Do incrédulo sem sentimento...
Por vezes até nem voz
Benguela, 02/11/2004