POBRES LAMENTOS

Sou um povo pobre

sem flores airosas para homenagear

no sepulcro da terra de rosas

o guerreiro escarnecido e nobre

Ainda neste dia sagrado

aos saudosos defuntos

minha alma se reveste de lutos

visto o choro dos outros ser magno

A saudade mística dos que viveram

sem prouver a amargura enigmática

dos quão já partiram a evasão

dos sentimentos que agora pica

Os olhos da gente estão escarlates

Sinto esperanças que mergulham...

E em uníssono lágrimas bombardeiam

Uma névoa de alaridos tristes!...

Uma ilustre coroa florida

Amarelecida, rosada e verdejante,

Desafoga o aluir da sepultura

Ornamentada de amargores!

Esperançadas no facho

Do gáudio da gente...

Hei-de regressar no distante...

E assim vos havereis de me dar afago

Empobrecidos não caiarão sobre nós!

Cuja tarde lúgubre no pensamento

Do incrédulo sem sentimento...

Por vezes até nem voz

Benguela, 02/11/2004

Nkazevy
Enviado por Nkazevy em 15/03/2007
Reeditado em 01/06/2008
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